Desculpem, os nossos velhinhos, idosos, usados, anciãos, enfim o que lhes quiserem chamar.
O que podemos fazer quando aqueles que foram a nossa referência, de trabalho, de energia, de resoluções, de pessoas, aqueles de quem dependíamos, passam a ser dependentes de nós? Quando os vemos perder a energia, as resoluções, quando vemos que já não conseguem sozinhas viver no seu canto, entre as suas coisas, nos seus domínios que sempre dominaram tão bem? Quando estamos com o nosso tempo ocupado com o trabalho, muitas vezes dando ainda uma ajuda aos descendentes, e vemos como os nossos ascendentes precisam de nós? Como fazer?
Não há fórmulas mágicas, nem soluções perfeitas, cada um vai ter que resolver à sua maneira, e não vai ser à maneira da prima ou do vizinho do lado. Mas é assustador!
Eles merecem o nosso melhor, por todos os motivos e mais alguns, viveram conforme puderam e os deixaram, lutaram, sofreram, celebraram, deram o que tinham e o que não tinham para nos criarem, e alguns, muito pouco descansaram (porque não sabiam que podiam descansar).
Alguns de nós deram alegrias e satisfações, outros deram preocupações, e outros ainda verdadeiros desgostos, mas eles continuaram de pé, sem desistir, e a fazer tudo o que podiam para continuar a viver, muitas vezes sabe Deus como!
Estou-me a referir, a uma certa geração, porque os futuros “velhotes” já souberam e tiveram a oportunidade de viver de outra maneira, sem os apertos e amarguras de outros tempos, mas não sem as preocupações e os desgostos, que esses são transversais no tempo.
Estou a falar da geração dos meus pais, que cresceram e viveram em meios onde não aprenderam a relaxar e a apreciar a vida à volta, alguns ainda conseguiram fazê-lo, mas mais tarde (porque não sabiam que o podiam fazer) .Estou a falar das pessoas que agora têm 80 ou 90 anos.
E quando faltar o comando, como vamos fazer?. Será que vamos ter a disponibilidade que eles tiveram quando tomaram conta de nós? Dificilmente. A situação, por muito que tentem comparar, não tem qualquer tipo de comparação. Uma criança não é um “velho”, mudar uma fralda a um bebé, não é mudar uma fralda a um “velho”. Desculpem-me os mais sensíveis, mas a realidade é essa, mesmo sendo os nossos “velhotes”.
Sinceramente, tenho medo, muito medo, não quero vê-los dependentes, nem quero imaginar tal situação, tenho medo de a não saber resolver, e falhar-lhes.
Quando chegar o momento, vai ser uma das nossas responsabilidades, e não vamos poder descartá-la, nem a eles.