desafio de escrita dos pássaros #2.1
Acho que a coisa não vai correr bem.
Janeiro 31, 2020
imsilva
Ficou a olhar, como se nunca tivesse visto, como se não soubesse o que era ou para quê servia.
Um arrepio na espinha, acompanhado de uma nausea, disse-lhe que se estava a meter em trabalhos, que sózinho não ía ser fácil.
Pensou em pedir ajuda, mas depressa lhe passou a vontade de o fazer. Não conseguia imaginar alguém alí, a fazer aquilo.
Pegou, olhou novamente, mediu, pesou e maldisse a sua sorte. Não fosse a necessidade grande e tinha enfiado tudo dentro da caixa e teria esquecido o assunto.
Mas não podia, sabia que não podia e que tinha que avançar. Coisas maiores e extremamente importantes dependiam da realização com sucesso daquilo que tinha que ser feito.
Recordava todos os passos que dera antes daquele amarfanhado dia. Todos os sítios onde fora, e a mesma opinião vinda de todas as direcções.
Não havia outro remédio, apesar dos pedidos e súplicas que lhe tinham saído da boca, em nenhum ouvido tinham entrado, ou pelo menos, tinham entrado, mas saído à mesma velocidade, porque ninguém tinha feito caso.
Ao fim e ao cabo, ele sabia que tinha que ser, os incómodos já eram mais que muitos e o assunto tinha que ser resolvido.
Aparentemente, cheio de coragem, e já com decisão tomada, pega na bula do aparelhómetro e começa a ler. Caem gotas de suor da sua fronte, só a leitura já lhe estava a afectar os sentidos. Não sabia como ia levar aquilo até ao fim.
Depois de perceber os passos a seguir até ao resultado final, depois de estar a transpirar feito um parvo, realiza todas as operações necessárias e quando tudo fica pronto e a postos, pensa - Acho que a coisa não vai correr bem - Pendura o saco no dispositivo apropriado, deita-se e...
Sinceramente, não creio que seja possível descrever o resto da história, se já sabem o que é um clíster... imaginem o resto.