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pessoas e coisas da vida

pessoas e coisas da vida

Junho 26, 2020

imsilva

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Quem disse que a vida era só andar?

Quem disse que a vida era só respirar?

A vida é um remoinho, é uma dança do vira, e para alguns o salve-se quem puder.

Nascemos tão inocentes, tão alegres e risonhos, mesmo quando choramos nessa altura, é só para fazer charme.

E quando caímos e esfolamos os joelhos, já devíamos de ficar desconfiados de que nem tudo é fácil e bonito.

Quando os primeiros amores nos viram as costas, deveríamos de ter desconfiado logo que o amor nem sempre é um conto de fadas.

Quando começamos a pagar as nossas contas, e a responsabilizar-mo-nos pela nossa roupa suja, ninguém nos avisa que isso é só o começo.

Depois... é seguir viajem com uma bagagem bem apetrechada de pensos rápidos e betadine, e uns comprimidos para a dor de cabeça, talvez também alguns para a ansiedade e outros estados emocionais que vão surgindo pelo caminho.

Nos intervalos vamos vendo e apreciando a paisagem, uns raios de sol que nos acariciam a pele, ou o cheiro a terra molhada quando caem as primeiras chuvas.

E vamos sorrindo porque apesar de tudo, conseguimos ser optimistas, e achamos que não está mau, por vezes até achamos graça e esperamos sempre melhorias porque a esperança está sempre à espreita, a dar alento e música para continuarmos.

E quando estamos bem, e olhamos para os nossos, quando estamos no nosso cantinho, no nosso conforto com aquela mantinha que tão bem tapa as arrelias e as preocupações do dia, sentimos que valeu a pena, que é bom estar ali, porque os bons momentos pesam mais e conseguem ser superiores aos maus. Por vezes fazemos por pensar assim...

Tenham um bom dia, olhem para o lado bom da vida e sejam felizes.

Junho 15, 2020

imsilva

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Em cem palavras o meu rosto

Tem palavras o meu rosto?

O meu rosto tem expressões

De alegria, de tristeza, de confusão, de certezas, de dúvidas, de indignação

Espero que também de carinho, de amor, de conforto para quem precisar de tal

Como se traduz um rosto em palavras?

Sou bonita, feia, estrábica, enrugada, de pele lisa como um bebé?

Rosto redondo, afilado, cheio, fino?

Vejo-me ao espelho, e peço-lhe palavras para descrever o meu rosto

Não me responde

Procuro-as aqui e ali, mas não as encontro

Ahhh! Já as encontrei , escondem-se atrás dos meus olhos

Têm vergonha de aparecer

 

 (Este texto responde ao desafio da Ana.)

 

Junho 12, 2020

imsilva

 

Introdução; Uma noite do verão passado, cheguei a casa muito cansada e já tarde, mas com a necessidade de escrever qualquer coisa. Havia uma palavra que me surgia com muita força "areia", e imaginava a areia da praia, era uma espécie de conforto que me chegava através da mente. Sentei-me e comecei a escrever. Nos dias seguintes continuei, e foi isto que saiu daquele impulso. Lembrei-me de vos ofertar com este conto, relato, história, que estava guardado e quase esquecido.

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VIDA

 

Hora-16,30.

Frio, muito frio.

A areia estava molhada, na consistência certa para fazer bonitos castelos de areia. Estivessem ali as crianças munidas de baldes e pás, e pela certa a empreitada seria rapidamente concretizada, e surgiriam torres, muralhas, ameias e fossos colossais, onde poderia esconder mágoas, dores e prantos que lhe apertavam a garganta, o coração e a alma.

O céu estava triste, solidário com o seu próprio espírito, e a cor do mar convidava a pensamentos lúgubres e obscenos de tão maus que eram.

O telemóvel tocou

- Estou?

- Podes vir.

- OK.

E um soluço se soltou da sua garganta, que rapidamente negou e prendeu.

Emília levantou-se, sacudiu as calças molhadas da areia e dirigiu-se às escadas que a levariam para fora da praia, para um sítio onde não quereria ir de maneira alguma.

Ana, a sua grande amiga e cunhada estava à sua espera, sentada num banco. Emília chegou até ela, deu-lhe o braço, recebeu um beijo e seguiram para o seu destino. Mas não iam sós, as recordações de uma vida, iam com ela naquele regresso à casa onde Eduardo repousava.

Tinha casado aos 23 anos apaixonada. Conhecera Pedro num concerto onde fora practicamente obrigada a ir pelos amigos, que não aceitaram um não da sua parte. Pedro era amigo de Marta, uma das raparigas do grupo, e acabou por passar a noite com eles. Depois disso, passou a fazer parte de todos os encontros e programas que faziam, indo com eles aonde eles fossem.

Simpático e afável, tomou-se de amores por Emília que sem se dar conta, começou a retribuir a atenção a daí a namorarem e a casarem foi um pulinho.

Pedro estudara economia e trabalhava numa grande multi-nacional, e Emília, que sempre tinha sonhado com jornalismo, acabou por contingências da vida numa editora pequenina que, com o tempo crescera, acreditava ela que com uma boa ajuda da sua parte, e acabou por se sentir muito satisfeita e orgulhosa do seu trabalho.

Quando ficou grávida por 1º vez, apesar de não estarem à espera, aceitaram de bom grado e com muita emoção, e apaixonaram-se perdidamente por aquela coisinha doce a quem chamaram Inês. A 2º vez foi mesmo prevista e desejada, queriam dar continuidade à felicidade que tinham encontrado com a Inês, e assim nasceu a Mariana.

Fora uma bonita história, houve muito amor, muito carinho compartilhado durante uns bons anos, mas, não sabe muito bem como ou quando, durante o trajecto, apareceu uma bifurcação e aparentemente cada um seguiu um caminho diferente. Talvez tivesse sido quando depois de uma festa na empresa, Pedro acompanhou uma colega a casa, e tendo acabado por entrar para beber um café, demorou-se mais do que previa e aconteceu também mais do que o previsto. Ou quando ela sentiu necessidade de sair uns dias sozinha, por sentir que precisava de respirar e estar consigo mesma, para sentir que também existia, talvez…

Emília, na altura pensou que era difícil ter um amor para a vida, o ser humano é muitíssimo complicado, 2 seres humanos mais complicado é.

Mas, passados 3 anos conheceu Eduardo, e foi impossível não querer estar com ele todos os dias, partilhar o café da manhã com aquele sorriso, e com aqueles olhos pretos que a faziam sempre sentir, que realmente olhavam para ela.

Eduardo era irmão do marido de Ana, uma amiga recente mas muito importante nesses momentos da sua vida, e cuja amizade felizmente, tinha continuado agora com laços familiares. Este encontro com Eduardo, escultor já com algum nome no meio, deu-se quando Emília estava mais convencida que nunca, que não queria compromissos com ninguém, sentia-se bem sozinha, com a companhia das filhas que cresciam bastante equilibradas, uma vez que tinham o total apoio do pai.

Mas essa convicção foi por água abaixo depois de um fim de semana em casa de Ana no Alentejo, em que percebeu que afinal pode haver mais que um amor na vida.

E assim já tinham decorridos 21 anos. 21 anos de vida amada, de vida calma, de vida compartilhada nos bons e maus momentos, sem nunca ter ficado beliscada por isso.

Até àquele dia.

 Eduardo trabalhava no quarto que lhe servia de atelier, e Emília mexia no que seria o almoço de ambos. Tinha recebido um telefonema da filha Inês, a relembrar o jantar de sábado para celebrar o 8º aniversário de Margarida, a neta mais nova, e pensava naquilo que iria comprar para a neta, quando houve um barulho mais forte que o normal, vindo do atelier. Bastante assustada dirigiu-se para lá, e ao abrir a porta, encontrou Eduardo estendido no chão a tremer convulsivamente. Depois de ter chegado o 112, tudo mudou na sua vida, nada seria como até aí.

Ana diz-lhe – entramos? Emília desperta da sua viagem ao passado, algum dele tão recente como assustador, e com um sorriso triste acena com a cabeça.

Lá dentro está o corpo de Eduardo, amavelmente os senhores da funerária e o seu irmão, estiveram a tratar dos pormenores do que se iria seguir. O que é que se iria seguir?

Neste momento Emília não quer olhar para o futuro, neste momento quer olhar para o presente e quer muito guardar o passado.

Junho 09, 2020

imsilva

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Na quinta-feira escorreguei, caí, esbardalhei-me, malhei, bati com o cu no chão "literalmente"...e magoei o braço. Como se não fosse bastante magoar um braço, tive que fazer o favor de magoar o braço direito. O músculo sentiu-se e decidiu fazer greve.

Estive estes dias com meio corpo a funcionar, nem vou contar as peripécias, está muito melhor (já consigo escrever em papel) mas bom ainda não está.

O que me levou a reparar como sou e o feitio com que fico quando não estou bem, ou quando os que estão à minha volta não estão bem.

Tenho fraca resistência à doença, falta de paciência para doentes, sejam os outros ou eu própria. É uma irritação ter impedimentos nos movimentos ou sentirmo-nos aquém daquilo que normalmente somos. Fico rabugenta e intratável (como se já não fosse). 

Isto é uma característica nada simpática, uma vez que o ser humano não é de ferro, e até pelo contrário é bastante falível em termos de funcionamento de orgãos, membros e afins.

Terei que fazer algum curso (on line?) de resiliência de maleitas, uma vez que será melhor habituar-me a estes percalços, porque segundo dizem a idade não perdoa e avança inexoravelmente.

Junho 05, 2020

imsilva

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Gosto de ler, gosto muito de ler, mas também gosto muito de escrever. E quando se escreve com gosto, as letras voam e rodopiam antes de pousar elegantemente no papel.

Gosto de pôr no papel sentimentos e pensamentos que raramente ponho nas palavras ditas. O papel é meu amigo, adoro ver as folhas em branco, prontas para receber o que eu lá quiser escrever e adoro o aspecto com que vai ficando à medida que as palavras as vão preenchendo. E é meu amigo porque não se zanga, não se ofende, recebe sempre a tinta que eu imprimo com a caneta em forma de letras sem se queixar. Não critica, também não aplaude, mas o seu mutismo deixa-me sempre à vontade para dar asas à minha liberdade criativa.

E assim vou escrevendo rabiscos, por vezes gatafunhos que um dia podem ser alguma coisa, folhas sobre folhas de anseios, vontades, ideias ou seja, letras que quando juntas formam palavras, com as quais poderemos comunicar, para o bem ou para o mal, porque há palavras que podem salvar vidas,  mas também as há que podem magoar muito.

Ao longo da minha vida tenho exprimido em papel, palavras que na altura não tive coragem de dizer pessoalmente, ou por não ter tido a oportunidade de o fazer. Tenho guardadas palavras escritas que falam com um filho ainda não nascido, os desejos de que uma separação não seja o fim de alguém, ou a dor da perda de uma pessoa importante na minha vida.

Se há uma coisa material que não me poderá faltar na vida é ; livros, papel e algo com que consiga escrever as palavras que me enchem os pensamentos.

Escrever é um acto de reflexão, de desabafo e limpeza da alma.

Junho 01, 2020

imsilva

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Há mudanças na vida propositadas e as que nos obrigam a fazer, como estas por que todos estamos a passar, por causa dum mínimo e parvo vírus que nos virou a existência de pernas para o ar.

Uma das vantagens, é que ao fim de 7 anos fomos à praia em família. Trabalhos desencontrados é o que dá, quando uns podem, outros não. Depois do confinamento, ainda conseguimos esta proeza. Agora, já trabalhando a oportunidade foi-se.

Entretanto, o negócio abriu portas e a ansiedade foi mais que muita. Quem lida com público sabe que dependemos muito dele, se está bem disposto, se acordou com os pés de fora, se só está rabugento ou se é assim de nascença. Infelizmente levamos com eles, estejam eles como estiverem. Não digo mal dos clientes, falo só de alguns que felizmente são uma pequenina minoria. 

Numa crise como esta em que há milhentas regras para serem cumpridas, mais difícil é gerir os incautos, ou os que se julgam acima de qualquer lei ou regra que foram criadas só para os outros, não para eles.

Passei por um período terrível na preparação da reabertura. Visitei menos a blogosfera, não tive ânimo para comentários, escrevi os 2 últimos desafios dos pássaros porque foram desabafos passados ao papel, e refugiei-me no colo dos livros o que também deu publicações.

As coisas estão a tomar forma, já me sinto a normalizar e tive necessidade de escrever sobre o assunto, de registar esta fase neste diário de bordo, onde a minha vida tem sido gravada sem ter dado conta disso, foi mais uma consequência da abertura deste blog, ou desta minha característica de ser eu sem filtros nem histórias inventadas.

A vida segue, com vírus ou sem ele, ( seria tão bom) e como sempre o ser humano adapta-se, contorce-se, vira-se e continua.

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