Outubro 31, 2020
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Da biblioteca Municipal de Beja - José Saramago.
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Outubro 31, 2020
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Da biblioteca Municipal de Beja - José Saramago.
Outubro 30, 2020
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Juntavamo-nos na nossa casa, alguns eram familiares, outros simplesmente amigos.
Grandes noitadas de roda das cartas, dos amendoins, de um copo de cerveja ou de um cálice de Porto.
Era uma miríade de jogos, mas o que dava mais gozo, era a "lerpa".
A minha irmã era a maluca que se mandava de cabeça, o meu primo o inocente que perdia sempre, a minha mãe a que fazia todos recuar quando dizia que ia a jogo, porque ficávamos logo a saber que tinha o às. E os amigos deliravam com todas as características envolvidas. De vez em quando ainda falam daquelas noites.
Ao relembrar essas noitadas sinto uma dorzinha na alma, ao pensar que hoje já não seria assim. Hoje não podemos reunir-nos, tocarmos todos nas mesmas cartas, gargalharmos nas caras uns dos outros.
Em que é que o ser humano vai-se transformar depois de tudo isto passar? Seremos capazes de conviver como fazíamos antes? Estará a morrer a espontaneidade com que se dava um abraço ou um beijo a um amigo?
Medo, muito medo, do mundo em que os meus netos vão crescer.
Medo, muito medo, do mundo em que vamos viver daqui para a frente.
Outubro 29, 2020
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Vou dar voz às palavras dos outros.
Sempre que encontrar textos interessantes, partilharei connvosco a sabedoria alheia.
Hoje encontrei este. Apreciem (ou não)
Outubro 28, 2020
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Estas imagens são da tempestade da semana passada, ou da aproximação dela.
Nunca se viu tantas fotografias lindas da natureza como agora. Será que ficamos mais sensíveis ao que se passa no céu? E ao momento em que o sol se vai deitar? Creio que ao abdicarmos de saídas, de centros comerciais, de jantarmos aqui e ali, ficamos com mais tempo para apreciar as coisas que se passam à nossa volta que antes, no meio de correrias, não víamos.
Eu digo que é a natureza a compensar-nos pelo que perdemos. Só que afinal, talvez tenhamos ficado a ganhar.
Outubro 23, 2020
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Arrastava-a atrás de si como se pesasse o mesmo que as suas agruras, que os seus anos. Não havia nada a fazer, as duas andavam sempre juntas, porque era dele. A almofada era do marido que já não estava há 14 anos. Só conseguia dormir com aquela, quando não a tinha, ficava mal disposto e exigia que a mulher a encontrasse, mesmo que não estivesse bem seca, depois de uma lavagem à pressa, ela chegou a secá-la com o secador. E apesar de ela agora, já não ter memória, algo mais forte fazia com que não a largasse.
A filha, pacientemente, esperava por dias menos maus, para poder levar a almofada e lavá-la à socapa. A mãe, em dias menos maus, tornava-se mais maleável e mais compreensiva aos pedidos da filha, tornava-se menos ansiosa.
Muitas lágrimas eram choradas às escondidas. A filha porque sofria ao ver a decadência da mulher que com garra e muito esforço tinha levado aquela família em frente, contra tudo e contra todos, mesmo contra um marido sem sensibilidade e isento de compaixão, cego perante a riqueza que tinha e não merecia, uma familia bem formada e com valores maiores. A mãe, quando nos dias menos maus, e sempre momentaneamente, se apercebia do seu estado e da movimentação à sua volta. Aquela não era a casa de que se lembrava e aqueles não eram os seus filhos pequenos, que sempre necessitavam da sua atenção.
Entretanto, decide ir ver as flores ao quintal, e lá vai a arrastar os pés, com a almofada dele no seu encalço.
Outubro 22, 2020
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1 - A Abelha viu a flor, pousou, e beijou-a com amor.
2 - E o amor envolveu a dor e assim adormeceram entrelaçados.
3 - Com um livro viajei até ao outro lado do mundo.
4 - O mar enfureceu, virou a embarcação, e vidas se perderam.
5 - O dia nasceu com alegria, e varreu a noite triste.
6 - A chuva cai decidida e canta uma canção de embalar.
7 - O bebé sorveu leite do peito da mãe e sorriu.
8 - Quando as emoções se soltaram, voaram e a paz ficou.
9 - Era um ninho de pássaros abandonado, se pudesse contaria histórias.
10 - Acordou, despertou, chorou, pensou, e decidiu nunca mais chorar assim.
Outubro 21, 2020
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Estou a ler, e de repente percebo que estou a fazer um esforço para captar o significado dos caracteres inscritos na folha.
Uma necessidade enorme de fechar os olhos me atinge, e encostando a cabeça, fecho-os e assim passam 2 minutos até sentir vontade de os abrir novamente, e continuar a decifrar as letras que formam palavras, que criam frases, que constroem linhas até preencherem as folhas que fazem parte do livro que seguro nas mãos.
Outubro 19, 2020
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Será a vida criticável?
Durante o caminho que se faz, passos que são dados por ruas, avenidas, largos, travessas, becos, pelos cruzamentos que se nos apresentam pela frente, serão as decisões tomadas, passíveis de criticas?
Quando fazemos o nosso melhor, quando damos passos em frente e depois temos a coragem de retroceder, ou a capacidade de atravessar o rio a nado para alcançarmos a outra margem, não seremos dignos de admiração?
A vida é uma sacana que se nos apresenta de uma maneira, quando o que ela quer é ser tratada de outra. E nós temos de adivinha-la.
Já dizia o outro " Quando julgas que tens as respostas, vem a vida e muda-te as perguntas".
Todos os dias é uma luta para ultrapassar obstáculos, para deslindarmos enigmas, para nos desenvencilharmos de pesos mortos, para alcançarmos aquele objectivo que nos vai fazer sorrir e viver melhor, e que nos vai fazer sentir que vale a pena a caminhada.
E quando algo corre mal, quando o imprevisto acontece, poderemos ser culpados ou a culpada terá sido a vida?
A vida é uma batalha todos os dias. Por isso não vale a pena vivê-la com críticas, com amuos, com rancores.
Será a vida criticável? Não, não creio, a vida será entendível.
Outubro 16, 2020
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Do lado de fora da janela, ouve-se o barulho da ventania que varre a rua e as suas àrvores centenárias.
Nas casas vizinhas, algumas portadas das janelas soltaram-se das suas prisões e batem desenfreadamente nas paredes.
O carteiro, tentando protejer-se da melhor forma possível, apesar de isso ser difícil, tenta entregar as últimas cartas aos destinatários para poder voltar ao refúgio do edificio dos correios, antes de levantar voô.
Uma das habitantes da rua, faz um último esforço para abrir a porta da sua casa, e assim, entrar na sua segurança levando o filho mais novo bem agarrado pela mão (que com a outra segura o boné em desespero).
E eu, bem aconchegada no meu casaco preferido, (aquele que se veste quando se chega a casa com frio) do lado de dentro da janela, aprecio o quadro vivo que desfila lá fora em frente aos meus olhos.
E é quando ouço a chaleira a apitar, e me preparo para me sentar no sofá, com uma chávena de chá numa mão e um livro na outra.
Outubro 15, 2020
imsilva
O vento levou-me para lá, para lá do horizonte
E eu fiquei perdida, não tinha noite, não tinha dia
E comigo o vento levou os meus sentidos
para lá do entendimento
E eu fiquei sem sentir, sem alento
Pedi ao vento para me trazer de volta
de volta ao meu ser
Aquele que sente, que se encontra dentro do meu presente
Texto no âmbito deste Desafio da Mula e da Mel
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