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pessoas e coisas da vida

pessoas e coisas da vida

Novembro 26, 2021

imsilva

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"Como explicar que o homem, um animal tão predominantemente construtivo, seja tão apaixonadamente propenso à destruição? Talvez porque seja uma criatura volúvel, de reputação duvidosa. Ou talvez porque seu único propósito na vida seja perseguir um objetivo, algo que, afinal, ao ser atingido, não mais é vida, mas o princípio da morte".

- Fiódor Dostoiévski

 

“Autoretrato com Morte tocando Violino” - Arnold Böcklin, 1872.

Novembro 24, 2021

imsilva

 

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Ao ler um post do nosso vizinho pacotinhos de noção  fiquei com vontade de desabafar a minha frustração sobre o assunto.

Ainda há pouco falava com o meu marido sobre como vamos fazer este inverno. Temos um negócio, e no verão quando o trabalho nos escraviza, prometemos que no Inverno vai ser diferente, que vamos fechar à noite ou vamos ter mais dias de folga. Queremos ter vida, queremos ter tempo para nós, para fazer algo que nos dê prazer e paz, que nos faça sorrir e relaxar.

Todos os anos a conversa é a mesma e acabamos por não mudar nada, acabamos por ter um inverno com pouco tempo livre, e quando damos por isso estamos na primavera e começa a euforia do verão novamente sem termos modificado o "modus operandi".

Não há condições para o cidadão comum se reformar quando ainda tem energia e saúde para viver, para não ter obrigações e horários que ocupam a maior parte do dia. E quando fazemos contas para tentar perceber quanto poderemos vir a receber nessa altura, pomos as mãos na cabeça e percebemos que teremos ainda uns bons anos de trabalho pela frente.

Não temos condições de reforma decente e como diz o nosso vizinho, será que quando conseguirmos chegar lá, ainda estaremos cá?

E quando vemos as condições que as reformas prematuras de políticos e cargos de chefia em administrações, (algumas fraudulentas) têm, apetece enrolarmo-nos num canto e começar a chorar.

Novembro 17, 2021

imsilva

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Sucata

o que levam das nossas vidas
as coisas velhas que deitamos fora porque
as casas são pequenas e os objectos
envelhecem agora mais depressa
do que nós

nas velhas casas
os lençóis de linho e as arcas de cânfora
e os serviços de chá onde se via
uma chinesa no fundo das chávenas
que um tio avô
tinha trazido de Cantão
sobreviviam sempre a todos os mortos
e passavam de cama para cama
e de sala para sala
e de mesa para mesa
e eram sempre os mesmos
e nós tão outros

mas agora tudo é feito
para morrer depressa e
sem deixar mágoa nem vestígio

e que fazem dentro das nossas vidas
gravadores de fita máquinas de escrever
cassettes onde aprisionámos
histórias momentos e rostos
que julgávamos eternos
e que pensávamos rever
a vida inteira

--o senhor da sucata estava feliz
agradeceu muitas vezes
enquanto amontoava tudo
deixando a minha casa
subitamente maior

(ou muito mais pequena
conforme o ponto de vista)"

Alice Vieira, Olha-me Como Quem Chove.

Novembro 12, 2021

imsilva

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 Quando acumulamos idade, anos, vida, sentimos o peso das vivências, da aprendizagem que fizemos ao longo do caminho, a montanha russa de sentimentos de que nunca mais descemos.

Até o olhar se modifica, passamos a olhar com mais condescendência, com mais compreensão, com muito mais paciência.

Aprendemos a não dar tantas opiniões, algo que fazíamos mais a miude, e aprendemos a respeitar o que os mais novos julgam que sabem, dando-lhes espaço para perceberem que nós já passamos por isso e já sabemos mais qualquer coisa.

Se pararmos para pensar um pouco no assunto, só nos podemos orgulhar do percurso feito. Já passaram esses anos todos? Como é que eu cheguei até aqui? Mas...eu sinto-me ainda uma adolescente à espera de mais alguma coisa!

A eterna insatisfação do ser humano, queremos sempre mais, apesar de não sabermos o quê. Mas se pararmos a olhar a nossa história, vemos muito mais, vemos experiências que hoje nem sabemos como passamos por elas, vemos que aquilo que hoje somos só pode ser graças ao que ficou para trás, mas que se encontra escondido num canto do nosso ser.

A idade, os anos, a vida, uma oferta preciosa que convêm aproveitar da melhor maneira possível.

Novembro 10, 2021

imsilva

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Cara Sra.

Serve esta para a informar que o Sr. Américo Fontão Vargas da Mata, falecido em 28 de Outubro de 2021, deixou expresso que queria que ficasse na sua posse o quadro "Cabello perseguido por dos planetas" de Joan Miró.

Como tal, tomei a liberdade de lho enviar, uma vez que a sua residência não se encontra neste país.

Espero que aí chegue em perfeitas condições, e que o possa apreciar como o seu tio-avô apreciava.

 

Os meus mais sinceros pêsames.

Atenciosamente

Alberto Mota Queirós

 

Amália, estupefacta com a carta que tinha na mão, pensou no irmão do seu avô que teria visto em criança sem ter memória dos seus traços, e olhou a embalagem que tinha na frente, com a curiosidade em alta.

Cuidadosamente começou a tirar papel, plástico de bolhas, cartão e tudo o que tinha a proteger o trabalho de um tão grande artista como Joan Miró. Tinha conhecimento de alguns dos seus quadros e estava entusiasmada por ter um deles na sua parede da sala.

Quando, finalmente, conseguiu chegar ao âmago do embrulho, ficou um pouco baralhada e tentou pôr o quadro em posiçao correcta sem grande resultado. Olhou e olhou e pensou para os seus botões - Com tanto quadro que existe, tinha que me calhar este?

Felizmente o sofá de Amália era verde! Talvez não fosse assim tão mau...

 

Texto no âmbito do desafio da Fátima Bento

O dia (parte II)

O compromisso

Novembro 05, 2021

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            O dia (parte I)

A minha filha tem uma aliança nova no dedo.

Um símbolo de uma das escolhas  que temos de fazer na vida. Um compromisso assumido no desejo de uma vida em conjunto, para o bem ou para o mal, na saúde ou na doença, na riqueza ou na pobreza, na alegria ou na tristeza.

No desejo de fazer um caminho acompanhada, de poder agarrar numa mão sempre que necessitar, no desejo de consolar e ser consolada sempre que preciso for. No desejo de partilhar alegrias, orgulhos, preocupações, e a vontade de ajudar os dois seres que deles nasceram, e que ambos querem que sejam felizes para todo o sempre e mais além.

Da minha parte, e com certeza da parte de todos os que os amam, que assim seja. Que o caminho seja o mais direito possível, que os desvios sejam só para admirarem juntos a paisagem por onde passam. Que as pedras que encontrarem sejam para irem construindo  uma fortaleza, e que seja forte para durar até ao fim das suas  vidas. Que os sorrisos e o amor não lhes falte, mesmo nos momentos menos bons, pois serão uma ajuda preciosa para levantarem os muros que caírem. 

Por favor, sejam felizes e aproveitem tudo o que a vida vos pode oferecer.

 

Novembro 03, 2021

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Ilustração de moda  -  Almada Negreiros 

 

Quem vê caras não vê corações.

Quem os vê todos bonitos e aperaltados não imagina o que está por detrás. 

Este casal não é o que parece, ou talvez sim, são os maiores traficantes que possam imaginar. Conseguem enganar o padre da freguesia, não que seja muito difícil, e ludibriar o mais inteligente dos mafiosos.

A sua fama vai longe, mas ninguém os conhece, só sabem que existem.

Se aqui os denuncio, é só para que não se fiquem a rir. Agora já todos lhes conhecem os focinhos!

 

Texto no âmbito do desafio da Fátima Bento.

Desculpem! Foi o que se arranjou, só para não falhar esta semana 🤭

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