Conselhos para mim (e para o mundo).
52 semanas de 2022. /Tema 21
Maio 25, 2022
imsilva
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Maio 25, 2022
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Maio 23, 2022
imsilva
Eu gostava de acordar em cada dia e ter a minha mãe a meu lado. E o meu pai. E a minha avó. E todas as pessoas de quem gosto.
Mas alguns já se foram embora. Para sempre. E isso deixa-me confuso. Porque para sempre é mesmo muito tempo.
Eu consigo perceber o que é uma hora. Percebo dez minutos. Percebo dez segundos que é uma medida do tempo que uma pessoa começa a dizer e já passou. E percebo um dia ou uma semana. Mas para sempre é tão difícil de perceber...
Um dia, o meu pai foi-se embora para sempre. E eu esqueci-me de lhe dizer uma coisa. Nem sei bem que coisa era. Só sei que esta coisa que eu queria dizer ficou-me entalada na garganta. Para sempre.
José Fanha. In. Diário Inventado de Um Menino Já Crescido.
Ilustração de João Fanha
Maio 18, 2022
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Maio 13, 2022
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Nesta altura da minha vida, só poderia escrever uma carta para um "alguém".
Mãe
Escrevo-te esta carta para ver se me esclareces algumas coisas.
Onde andas, que não te vejo há alguns dias? Passei pelo cemitério e estava lá um sítio cheio de coroas de flores com uma placazinha com o teu nome e a tua fotografia, como é que aquilo foi lá parar? Não é só para as pessoas que morreram? Então, não entendo. Ainda fui à procura de algum responsável por isso, mas não encontrei ninguém. Continuei confusa.
Fui às compras e comprei o champô que tu gostas e as maças que pedes sempre, já lá estão em casa, onde o pai está sozinho porque tu te lembraste de ir passear.
Volta depressa, estamos todos com saudades tuas, os teus netos também perguntam por ti.
Ah! A tua filha mais velha manda-te um teteréré, e um mando-te um beijinho daqueles repenicados como só nós sabemos dar.
Isabel.
Maio 06, 2022
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Lágrimas teimosas rolam,
escorrem pelos cantos que a alma deixa a descoberto
e livres, vão passeando por aqui, por ali e por acolá
envolvendo um coração dorido
deixando um rasto, também teimoso, de tristezas e ânsias
Não encontram caminho a direito
por isso vão ziguezagueando e teimosamente demorando
Se encontrassem o caminho certo
talvez já tivessem levado as dores e as lástimas
talvez já tivessem desertado para algum outro sítio
libertando assim as teimosas angustias do meu coração
por onde a tua imagem passeia
Maio 04, 2022
imsilva
Andei desaparecida.
Passei por cá no dia da mãe, e deixei testemunho da nossa falta.
Hoje aproveitando o desafio da nossa Abelhinha Ana, vou escrever sobre os meus últimos dias, provavelmente não serão descrições maravilhosas de coisas boas mas serão testemunhos do que nos acontece por lei de vida e por muito que nos custe.
Entre o saber que íamos perder a nossa mãe e o perde-la vai um longo passo. Conseguimos enganar-nos a nós próprios, fingindo que é falso alarme e que não irá acontecer, pobres parvos.
Nestes dias passamos da dor ao ânimo constantemente. O meu pai precisa de nos ver inteiros, e não podemos defraudá-lo. Fomos (somos)uma família de ciganos, a casa esteve sempre cheia, almoços e jantares sempre com alguém a aparecer, mas como éramos sempre muitos, quando alguém aparecia a mais, nunca havia problema porque era só ir buscar mais um prato.
Talvez por não termos tido muito tempo para estarmos sozinhos, nestes últimos dias temos sentido algo a partir-se cá dentro cada vez que percebemos que não tornaremos a vê-la. Ontem passei pelo cemitério sozinha e ralhei com ela, perguntei-lhe o que estava a fazer ali, aquilo não era o seu sítio, o seu lugar era lá em casa, a receber-nos com o seu sorriso e a dizer - então filha?
Acordo a pensar nela, adormeço a pensar nela, e nela penso em todas as outras horas do dia. Assim têm sido os meus dias, dias em que me imagino dentro de um sonho mau do qual vou acordar em qualquer momento, até ao dia em que vou de nariz ao chão e aí talvez com a dor perceba que não estou a sonhar mas a viver uma triste realidade.
Maio 01, 2022
imsilva
Está lá, o caminho, mas está escuro porque tu não estás.
Mas nós vamos continuar a caminhar, só que sem ti.
Vamos com certeza encontrar mais pedras no caminho,
vamos sentir falta do cheiro das flores,
e vamos continuar a caminhar, só que sem ti.
A paisagem mudou, falta-lhe um arco-iris
só a noite ficou mais bonita
há no firmamento uma estrela que brilha muito mais
e nós com um sorriso, olhamos para ela, só que sem ti,
porque é lá que estás tu, mãe.
Fernanda 18/9/1935 - 29/4/2022
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