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pessoas e coisas da vida

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Casamento, ou não...

Desafio das palavras sobre nós. semana #5

Setembro 29, 2022

imsilva

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Ela está linda, mas não o sente. Sente-se à beira de um abismo.

Ela caminha com passos incertos, inseguros, passos que têm dificuldades em serem dados.

Ela crê que não terá coragem, apesar de ser a sua felicidade que está em jogo.

Ela sonha com uma simples hipótese de ter o seu sítio, o seu lugar e um amor que lhe dê companheirismo, amizade, uma mão que a ajude a subir montanhas ou a atravessar um rio. Ela sonha com um beijo a saber a mais, a saber a vida.

Ela sabe que o futuro não lhe sorri, ela julga saber que o amanhã não será dela. 

Ela para na sua caminhada pela nave, e deixa o seu olhar cair na figura que a espera.

Ela respira fundo, sentindo que o ar que entra não é suficiente. Ela sente que os seus pensamentos galgam barreiras e muros que julgava intransponíveis. Ela  acorda da letargia que a consome há muito tempo, e reage.

Ela olha, e o seu olhar diz tanto. Quem a mira percebe, reconhece o olhar de alguém que tomou uma decisão, e virando-se, pedindo desculpas silenciosamente, sem necessidade de palavras, dirige os seus passos no sentido contrário, apressados, decididos, sem qualquer dúvida ou medo.

Ela afinal sabe quem é, sabe o que quer e sabe o que não quer.

Ela sabe que não quer que a pisem, que a amarrem, que não olhem nos seus olhos, que não ouçam o que tem para dizer.

E ela sabe onde está o que quer, ela conhece o caminho que a pode levar até lá, e serenamente, confiante, é para lá que dirige os seus passos, desta vez sem coações ou constrangimentos. Desta vez com as suas certezas e desejos no comando.

Para trás fica o passado, fica o que ela não quer. 

 

Participação no desafio da Célia

Setembro 28, 2022

imsilva

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O fado  -  José Malhoa

 

Dizem que se chamavam Amâncio e Adelaide da Facada.

E que podemos nós deduzir desta imagem? Que poderemos nós criar com esta imagem? 

A vida boémia na Lisboa do inicio do séc. XX. O desregramento consentido no vinho e na moral duma época em que uma Mouraria representava homens e mulheres de um país em aprendizagem.

Provavelmente, Amâncio afogava as suas mágoas no fado vadio, no nectar que ajudava a finalizar o dia de (suposto) trabalho, deixando em casa mulher e uma trupe de filhos com que não sabia o que fazer. Felizmente a sua Maria dava conta do recado, melhor mesmo estar fora do caminho.

E a Adelaide da Facada, que me diz esta mulher? Alguém que despudoradamente tentava não ser de ninguém, de sítio algum a que não quisesse pertencer. Adelaide, após ter aprendido pela pior maneira que não é fácil ser feliz, optou pela felicidade gratuita e imediata que não a deixa pensar demasiado em algo para além disso.

E assim, entre um cigarro, uma guitarra que chora, os versos que contam amores, um copo que ajuda ao bem estar, e a companhia de quem os entende, correm as horas que libertam a saudade, os sonhos e as ambições há muito perdidas.

 

Participação no desafio da     Fátima Bento

Filhos!!!

Desafio das palavras sobre nós. Semana #4

Setembro 22, 2022

imsilva

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 Quando vi o tema desta semana do desafio da Célia , lembrei-me deste texto que foi dos primeiros do meu blog, e já repescado de um outro que abri em 2012. Senti que tinha de o publicar, está lá tudo o que poderia escrever agora.

 

Tenho que desabafar!
Hoje vi um papá acabadinho de estrear. Tinha aquele sorriso apatetado com que ficamos ao falar dos nossos filhotes recém-nascidos, que aos nossos olhos são os melhores e os mais lindos do mundo (porque o são). Mas, ele não sabe o que o espera! Uma vida de medos e preocupações, de coisinhas deliciosas e bem cheirosas (mesmo), de orgulhos desmedidos (mesmo quando chegam à meta em último lugar), de momentos em que quase os mandamos pela janela, ou em que só nos apetece comê-los com beijos (mais tarde arrepender-nos-emos de não o ter feito). Enfim, uma montanha russa de emoções, que nem sempre é fácil de gerir, principalmente naquela fase em que se julgam os mais espertos, e  os mais inteligentes (muito mais que nós , pobres ignorantes que não sabem como chegaram até aqui sem a sua preciosa ajuda).Creio que sabem ao que me refiro, a terrível " Adolescência" que cada vez começa mais cedo e acaba mais tarde. Felizmente nem todos os filhos passam por ela da mesma maneira, mas deixa sempre alguma mossa.

Depois de termos filhos, não conseguimos imaginar-nos sem eles. A nossa vida seria tão vazia, que nem conseguimos visioná-la. Mas a vida é feita de muitas pessoas que por opção, não os têm , e por outras que querendo mesmo muito, não conseguem fisicamente concretizá-lo. Conheci e conheço algumas destas, e sente-se a desilusão nos seus olhos, nas suas palavras, e só aí é que realizamos a nossa felicidade, a nossa riqueza, o valor afectivo que representa uma casa com filhos. E quando encontra-mos um casal, que não os tendo, viaja e realiza muito mais facilmente os seus objectivos materiais, a inveja espreita, mas rapidamente lhe damos um pontapé, porque preferimos andar à rasca, não viajar, ter menos pares de sapatos, mas ter-mos aqueles seres que são parte de nós,que nasceram de nós..... desculpem, alguém consegue descrever o que são os "filhos"?

  Bom, vou tentar resumir, para não assustar os que podem estar a ponderar  criar uma família com mais de dois elementos. É o melhor que nos pode acontecer na vida, e é o que nos dá cabelos brancos, mas como passar sem eles? e como viver com eles?. Eu já encontrei uma solução, mas só para a próxima reencarnação. Eu vou ter filhos, mas aos dez anos vai tudo para adopção.

Desafio "Arte e inspiração" V2.0 - semana #2

Muito tempo, é para sempre?

Setembro 21, 2022

imsilva

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                                                                        Young Mother Sewing, Mary Cassat

 

- Mãe, ficas comigo para sempre?

- Oh minha filha, ficarei muito tempo contigo.

- E muito tempo, é para sempre?

- É o tempo que for preciso para te proteger, para te mostrar as flores, para te ensinar a amar, para te ajudar a andar pelo mundo, e a viver o teus momentos.

- E quando eu souber isso tudo, vais-te embora?

- Sabes filha, nós não ficamos para todo o sempre, porque mais pessoas chegam todos os dias, e temos de lhes dar lugar. Mas, primeiro fazemos o nosso trabalho, e depois de feito, é mais fácil irmos e vocês seguirem o vosso caminho onde também ensinarão aos que chegarem, o que necessário for para que aprendam a ser felizes. É assim o ciclo da vida.

- Mas, mãe...eu não quero que tu vás! 

- Filha, só irei daqui a muito tempo, quando já não precisares de mim.

- Mãe, eu vou sempre precisar de ti!

 

Participação no desafio da Fátima Bento

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