Janeiro 30, 2023
imsilva
Parece que faltou o aquecimento no Louvre! 🥴
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Janeiro 30, 2023
imsilva
Parece que faltou o aquecimento no Louvre! 🥴
Janeiro 27, 2023
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mãe, tenho pena. esperei sempre que entendesses
as palavras que nunca disse e os gestos que nunca fiz.
sei hoje que apenas esperei, mãe, e esperar não é suficiente.
pelas palavras que nunca disse, pelos gestos que me pediste
tanto e eu nunca fui capaz de fazer, quero pedir-te
desculpa, mãe, e sei que pedir desculpa não é suficiente.
às vezes, quero dizer-te tantas coisas que não consigo,
a fotografia em que estou ao teu colo é a fotografia
mais bonita que tenho, gosto de quando estás feliz.
lê isto: mãe, amo-te.
(...)
José Luís Peixoto, em "A Casa, a Escuridão"
ilustação de Lisa Aisato
Janeiro 25, 2023
imsilva
Quando o avô lembra e conta...
Dos sete irmãos, sendo eu o rapaz mais velho no meio de 5 raparigas ( o mais novo também era um rapaz), o meu pai apertava mais comigo.
Aos 10 anos parti uma janela com uma pedra quando andava na brincadeira, tirou-me da escola e pôs-me a trabalhar para a pagar. Estava na quarta classe e não pude concluí-la. Acabei por fazê-lo em adulto, já depois de casado.
Pouco mais tarde, ajudava na serventia das obras, magro como eu era e com uma hérnia que só foi operada em adulto, carregava baldes de areia da praia para as obras.
O meu pai, que era pedreiro, parecia não se importar, parecia não ligar nenhuma aos filhos. Saía do trabalho e ficava na conversa na taberna, a beber copos de três com os amigos. Quando chegava a casa ficávamos calados que nem ratos com medo dele. Não nos batia, mas tinhamos-lhe um respeito tremendo. O carinho não se via em lado algum, não fosse a minha mãe a tratar disso, não saberiamos o que era.
Mas, quando fui à inspeção para ir à tropa, à chegada passei pela taberna onde ele costumava estar (por ficar a caminho de casa), e ele ao ver-me passar perguntou-me - Então? - e eu respondi-lhe que tinha ficado livre. Vi-lhe o brilho dos olhos ao dizer - Ainda bem!. Saiu da taberna e fez o caminho para casa comigo. Eu não estava habituado a andar ao lado dele. Ao fundo vimos a minha mãe à janela e ele gritou-lhe ao longe - O teu menino ficou livre!
Foi o momento de carinho que tive do meu pai. A alegria e satisfação que demostrou por não haver o perigo de eu ir para alguma guerra.
Este jovem, hoje, celebra os seus 88 anos.
Janeiro 20, 2023
imsilva
Hoje sinto-me perdida.
Estive até agora a pensar o que poderia escrever no blog, já que é sexta-feira, dia de publicação, e não estava fácil. Decidi que tinha de tentar alguma coisa, nem que fosse o facto de estar em off.
Fui à procura de uma fotografia que combinasse com o meu estado de espírito, e encontrei esta, tirada durante uns dias de descanso em Tomar.
Se estou deprimida? Não será bem assim, é mais um vazio que me deixa sem paciência (como se normalmente tivesse muita).
Todos sabemos que a vida não é fácil e que não precisamos de nos castigar com pequenos quês e porquês que vão surgindo nos cantinhos da alma, mas, como bons seres humanos que somos, gostamos de moer e arranjar motivos para ficarmos em off e poderemos dizer o quão infelizes nos sentimos por isto e por aquilo.
Se formos analisar os factos e a conjuntura da coisa, é tudo (quase) mentira, não estamos mal, nem nos falta carinho e atenção, então por que raio não nos contentamos com o que temos e agradecemos por isso?
Porque não e pronto!
Esse banco não vai ficar sozinho. Em pensamento, vou-me lá sentar e respirar aquele ar fresco com cheirinho a natureza, agradecer as pessoas à minha volta e agradecer tudo o que tenho na minha vida.
Vou dar um pontapé no baixo astral, vou olhar para o céu e sejam nuvens ou seja sol o que lá encontrar, vou sorrir e fazer algo pela vida.
Se vai resultar é que eu não sei...
Janeiro 18, 2023
imsilva
Como são bonitas as mulheres que foram bonitas e nas quais a beleza reaparece, de súbito, num gesto, num olhar, num movimento da boca, em qualquer coisa difícil de definir que me atrai e enternece e onde a morte, de tão presente, dá ideia de se tornar a combustão de vida de um foguete de lágrimas. Mora a dois prédios, sobe a rua com dificuldade conquistando cada metro, de pernas difíceis, de vez em quando encosta-se à parede, recupera os pulmões, continua. O baton sobeja-lhe da boca, a pintura dos olhos desmorona-se mas mantém o orgulho de navio à vela e o perfume permanece a flutuar que tempos depois da sua partida.
Perguntei
— Dá-me licença que lhe diga que é bonita?
e respondeu com um sorriso de lamparina de azeite a tremer no baton, esses sorrisos dos pavios dos santos que ameaçam extinguir-se quando o guarda-vento da igreja se abre e ficam a tremer, coitados, antes de se desfazerem num fuminho.
António Lobo Antunes, in 'Quarto Livro de Crónicas'
Janeiro 13, 2023
imsilva
É com orgulho e muito prazer que aqui deixo os nossos Contos de Natal de 2022.
Magníficos, maravilhosos, cheios de emoções, sentimentos, memórias e criatividade.
Obrigada por estes belos momentos de leitura que me proporcionaram, e que se ainda não usufruíram, espero que o façam agora.
Se faltar algum, digam e reclamem. Tentei estar atenta, mas, quem sabe se não me distraí e perdi algum!
Se tiverem um conto escondido e bem guardado numa gaveta ou debaixo da cama, não se acanhem, ainda vem a tempo.
Com este frio, aconcheguem-se à lareira ou com aquela manta fofinha e entretenham-se, porque afinal "o Natal é quando o homem quiser"
ATPG - O meu conto de Natal - quase um mini romance
ATPG - Carta do pai Natal ao menino Jesus
Vibarao - O pastorinho de Natal
Zé Onofre - Carta do Menino Jesus às crianças
José da Xã - Reencontro com o Natal
José da Xã - Um Natal rico de pobres
Marta-o meu canto - conto de Natal A rena Toutou
MJP - Um Natal mágico, do virtual para o real
Folhas de Luar - O boneco de neve
Folhas de Luar- O menino - Poema de Natal
Folhas de Luar- O Natal - Conto de Natal
Isabel Silva - Espírito de Natal
Isabel Silva - Passado e presente
Olga C. Pinto - Um ramo de azevinho
Maria Araújo - Uma surpresa de Natal
Vagueando - Depois daquele abraço
Ana D. - Christmas blues - Um conto de Natal
Maria Pinto - Acreditarei em milagres?
Maribel Maia - Uma epifania de Natal
Ana D. - Casei com o Pai Natal
Isa Nascimento- A árvore de Natal
Histórias à beira Rio- O pai Natal sentado
Leite Pereira - Filhos de um Natal Menor
Milorde - Conto de Natal em memória da minha avó.
Cúmplice do tempo - O Natal da saudade
Aurora Madaleno - Sonho de Natal
José Costa - Presente de Natal
Nala - Uma árvore de Natal mágica
Cristina Aveiro - O calor do Natal
Margarida Mascarenhas - Um instante de Natal
José da Xã - A prenda de Natal
Boas leituras!!!
Janeiro 11, 2023
imsilva
Acompanhas-me?
Dá-me a mão e vem comigo
Prometo cuidar de ti
Prometo cuidar de nós
Não prometo dar-te as estrelas ou um raio de luar, mas...
prometo tentar dar-te amor, carinho, respeito, esperança e um caminho por onde possamos caminhar juntos
prometo construir pontes e afastar as pedras que nos possam magoar
prometo um arco-iris sempre que chover, e um sol sempre que estiveres triste
Se eu não conseguir cumprir as minhas promessas, prometes perdoar-me?
Janeiro 09, 2023
imsilva
Tenho uma espécie de dever de sonhar sempre, pois, não sendo mais, nem querendo ser mais, que um espectador de mim mesmo, tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
Assim me construo a ouro e sedas, em salas supostas, palco falso, cenário antigo, sonho criado entre jogos de luzes brandas e músicas invisíveis.
— Bernardo Soares ✍️ PESSOA, Fernando - Livro do Desassossego, por Bernardo Soares.
🎨 Artista Victor Nizovtsev
Janeiro 06, 2023
imsilva
Meu amigo sol de Inverno,
obrigada pelo teu calor, pelo teu conforto
A tua luz entra em qualquer espírito mais rezingão, e transforma o lúgrube em esperança.
Transformo-me num novelo e fico quieta sob os teus raios dourados
E ali fico, sonhando que é o meu poiso, o meu cantinho onde a vida flui sem a minha interferência.
Janeiro 04, 2023
imsilva
Enroscou-se no sofá, o mais perto da lareira possível. As festas estavam a acabar e ela sentia-se contente com o facto.
Teimosamente, enfeitara a casa quase como antigamente. Queria tentar não perder o espírito, mas, estava difícil. Gostava do verde, do vermelho e dos brancos flocos de neve que representavam o Natal, mas perguntava-se a si própria se teria a coragem de o fazer novamente no próximo ano.
Quando é que tinha começado a sentir que já pouco sentido fazia? Quando a grande família começou a ficar mais pequena? Quando o seu próprio núcleo familiar se afastou por força das circunstâncias?
Lembrava-se de Natais passados com um baque no coração. Os filhos em casa entusiasmados com os mais pequenos pormenores, o marido que a reboque deles, até vestia camisolas com renas, e ela própria, vivia aqueles dias com um sorriso permanente no rosto.
Mas, o tempo passa. Os filhos procuram o seu caminho, o seu mundo, que por vezes fica a muitos quilómetros de distância, e a idade destrói células e faculdades por vezes cedo demais, aos que ficam ao nosso lado, como ao seu marido, que por vezes nem sabia quem ela era.
Assim era a sua vida agora. Os filhos longe e o seu marido, com um princípio de demência . O companheiro de tantas alegrias e arrelias, já não lhe fazia a companhia a que se habituara. Era alguém que ela não reconhecia, mas que tinha as feições dele, da pessoa que tanto lhe dera, que tanto a incentivara e ajudara a crescer como ser humano ao longo dos anos.
O relógio fazia o tic-tac próprio, sem grandes alaridos, só o suficiente para não esquecermos que o tempo corre sem contemplações.
Olhou à sua volta, amanhã tiraria as caixas dos enfeites da arrecadação e cuidadosamente os arrumaria, como sempre tinha feito, mas hoje, surpreendentemente, gostou do que viu. Sentiu-se confortável e a relaxar. Tentou agarrar esse momento, já eram tão poucos...
Pegou no livro que repousava na pequena mesa de apoio, abriu-o e começou a ler na página onde o tinha deixado há duas noites. Sentiu alguma dificuldade em se concentrar ao princípio, mas ao fim de alguns minutos em que sentia a mente a fugir para outros sítios, conseguiu embrenhar-se na sua leitura e aí pode usufruir de um serão noutro mundo, noutras paragens, noutras vidas, onde ela não estava.
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