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pessoas e coisas da vida

pessoas e coisas da vida

Fevereiro 28, 2024

imsilva

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POEMA - A procura

Cora Coralina

"Andei pelos caminhos da Vida.
Caminhei pelas ruas do Destino –
Procurando meu signo.
Bati na porta da Fortuna,
Mandou dizer que não estava.
Bati na porta da Fama,
Falou que não podia atender.
Procurei a casa da Felicidade,
A vizinha da frente me informou
Que ela tinha se mudado
Sem deixar novo endereço.
Procurei a morada da Fortaleza.
Ela me fez entrar: deu-me veste nova,
Perfumou-me os cabelos,
Fez-me beber de seu vinho.
Acertei o meu caminho."

 

Numa rua estreita

1 Foto, 1 Texto

Fevereiro 23, 2024

imsilva

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Numa rua estreita, vivia D. Amélia.

Senhora de muita idade, escorreita e independente, fazia a sua vida num pequena casa que apesar de não ter todas as condições desejáveis, servia à velha senhora para a sua pacata e simples vida. D. Amélia não era muito sociável, oferecia críticas a torto e direito, fosse ao município, fosse aos vizinhos, fosse aos passeantes e turistas que com as suas máquinas infernais tiravam fotografias constantemente à rua, ás janelas, às portas, à roupa pendurada nas janelas.

D. Amélia recusou a ajuda da assistência social e de alguns vizinhos, que preocupados, ofereciam-se para qualquer coisa que necessitasse. Mas, a idosa não aceitava, não queria ajuda e não deixava sequer que alguém entrasse na sua casa. Sem família, tinha uma sobrinha que morava no estrangeiro e que não via há anos, fazia as suas parcas compras na loja do Sr. Artur, mesmo ali na esquina e ninguém sabia como ocupava o seus dias. Um dia D.Amélia não se levantou da sua cama, não tinha forças para tal, e uma dor constante no peito não a deixava quase respirar. D. Amélia ficou deitada a pensar que a sua vida acabava ali, não tinha como avisar ou chamar alguém,  mas sentia- se tranquila, sentia que chegava, sentia que o fim era justificado, não tinha mais nada a fazer. Dois dias depois, algumas vizinhas mais atentas aos movimentos da rua, deram pela janelinha da casa da vizinha rabugenta estar fechada e acharam estranho.

 Numa rua estreita, vivia D.Amélia.

Fevereiro 21, 2024

imsilva

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Sinto o despertar a chegar devagarinho, mas não quero.

Levanto uma pálpebra a medo e vejo a luz do dia,

imediatamente torno a fechá-la e acomodo-me em concha

qual feto no ventre de uma mãe

na cama quente, debaixo da roupa

que me protege do mundo lá fora.

Se eu pudesse ficar aqui num casulo protector,

imaginando-me fora do mundo, fora da dor

só dormindo, com bonitos sonhos

sem ver as cores feias da vida acontecendo em horror. 

 

Fevereiro 14, 2024

imsilva

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"Todos os dias são bons
para a gente namorar,
trocando flores e piropos,
ou apenas um poema
que depois havemos de lembrar.
E o que o poema diz
pode ter a cadência leve
de uma lembrança feliz,
ainda que fugaz e breve.
Este é o dia em que bate
mais depressa o coração,
já que o namoro é o espaço
onde habita a emoção
de quem quer ficar mais perto
de um amor forte e liberto."

José Jorge Letria, Dia dos Namorados.In: O Livro dos Dias

Que pena não ser uma carta

1 Foto, 1 Texto

Fevereiro 09, 2024

imsilva

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Que pena este texto não ser uma carta nas mãos de um carteiro 

Uma missiva nas mãos de um mensageiro

Um poema de amor para um enamorado que está longe

Um pedido de casamento para a menina que se esconde

Um grito de carinho da mãe para o filho

Um marido que mata saudades e beija seus filhos

Numa esperança de um reencontro em breve

Que pena este texto não ser uma carta nas mãos de um carteiro

Que sob sol e chuva faria a sua entrega no destinatário

Uma missiva nas mãos de um mensageiro

Que com a sua vida protegeria a mensagem do seu proprietário

Fevereiro 07, 2024

imsilva

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" Filha, lembras-te do tempo em que eu passava tardes e tardes costurando?
- Lembro-me, mãe. Éramos tanto filhos, tantas roupas...
- A maior parte das vezes eu só fingia que costurava.
- Fingia? Fingia para quê?
- Os homens não gostam que as mulheres pensem em silêncio. Ficam desconfiados..
- Assim, enquanto eu costurava, o seu pai não suspeitava que eu pensava...
Os meus pensamentos viajavam por todo o lado...
Nesses escassos momentos, eu, Constança, era mulher sem ter que pedir licença, existindo sem ter que pedir perdão."

Mia Couto. In. O outro pé da sereia.

Fevereiro 02, 2024

imsilva

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Este é o último texto do desafio dos cinquentas (2019) que republico. A viagem a que me referia no fim, aconteceu em Abril de 2022. Continuo a adorar as rugas de minha mãe.

                    

Rugas de minha mãe, que contais?

Pecados, sofrimentos e dores?

Prazeres, alegrias e amores?

Ruas tortas

Avenidas direitas

Becos de sol

Praças de chuva

Cruzamentos de dúvidas

Mas, muitos caminhos percorridos

Muitas pedras calcadas

E o descanso ali, na linha do horizonte,

a prometer uma outra viagem.

                  

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