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No dia em que as letras fugiram foi um alvoroço naquela casa. Os "As" foram para um lado, os "Is" para outro, os "Rs Js e Ms saltaram da janela, e tantos outros por todos os cantos, armários, até dentro de chávenas se esconderam. Marta ficou em pânico, nunca pensara que ao abrir o livro letras escapassem como quem escapa de um poço sem fundo. Sem saber o que fazer, olhou com tristeza para o livro que ficara com as folhas em branco e tentou pensar em algo que resolvesse a situação, porque ainda não tinha acabado a sua leitura, e agora parecia difícil fazê-lo.
Dentro da estupefacção que sentia, puxou pela cabeça e tentou pensar numa solução.
Já estando a ficar desesperada, uma ideia surgiu! E se escrevesse as letras no livro? Começaria com calma pelas letras básicas, e quem sabe se isso não chamaria as fugitivas a voltar ao seu lugar?
Muito concentrada começou afincadamente com um A, a seguir com o E, e a pouco e pouco sentiu as letras desertoras a espreitar do seu esconderijo. As que tinham saído pela janela, voltaram devagarinho como quem não quer a coisa, e quando deu por isso o livro foi ficando preenchido com cada uma das letras no seu devido lugar.
Marta com um sorriso de felicidade no rosto, fechou devagar o livro e quando pensou em ler o que faltava da história, teve medo de uma nova fuga e ficou sem saber a continuação...