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pessoas e coisas da vida

pessoas e coisas da vida

Outubro 30, 2024

imsilva

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O verdadeiro terror da existência não está na morte, mas no medo implacável da vida. É o pavor de acordar dia após dia, apenas para encarar as mesmas batalhas, as mesmas desilusões, a mesma dor incessante. É o medo de que nada jamais mude, de estar preso em um ciclo interminável de sofrimento, sem fuga à vista. E dentro desse medo, há um desespero profundo, um grito silencioso por algo, qualquer coisa, que possa romper a monotonia, que possa injetar sentido na repetição exaustiva dos dias. Esse é o horror mais cruel: não o fim, mas a eternidade de uma existência vazia.

 

Albert Camus, O Outono

 

Outubro 25, 2024

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Eléctrico no Porto - 24 de maio de 2024

Depois de uma corrida sofrida, conseguiu apanhar o eléctrico, que ali ao pé da torre dos Clérigos, parecia ter esperado por ela e que a levaria à Foz. Estava no Porto há cinco anos e muito já tinha vivido durante esse tempo. Amizades, amores e desventuras que a tinham marcado profundamente. Não entendia porquê, mas gostava daquele eléctrico. O ar rústico levava-a a outros tempos, o cheiro a couro e madeira fazia-a sentir-se noutra época e assim deixar os pensamentos e as amarguras de agora descansarem. Era bom que se pudesse fugir assim do que nos magoa, entravamos num qualquer veículo que nos fizesse viajar no tempo e faríamos um intervalo da vida.

Desejou que o caminho durasse muito tempo, sentiu-se protegida ali dentro e ao mesmo tempo reflectiu sobre si mesma e o que queria para si. Acabou por relaxar e entender o que tinha de ser feito. Nunca se sentira tão segura de uma decisão.

Chegada ao destino, viu imediatamente a figura de João sentado num banco com a vista de tanto mar por trás. Respirou fundo e decididamente deu os passos necessários para que a sua vida fosse aquilo que ela queria.

Outubro 23, 2024

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"Sabes o que é que as pessoas realmente querem? Todas as pessoas, digo. Toda a gente no mundo está a pensar: quem me dera ter alguém com quem pudesse realmente falar, que realmente me compreendesse, que fosse gentil comigo. É isso que pessoas querem, se estiverem a dizer a verdade.”

.“Na verdade já atingi o patamar em que olho para as pessoas e digo - ele ou ela, eles são aquilo que são, porque escolheram ficar bloqueados numa determinada fase das suas vidas. As pessoas mantêm-se sãs bloqueando-se, limitando-se a elas próprias.”

 

—  Citações do romance “O Caderno Dourado”, da escritora britânica Doris Lessing (22 de Outubro de 1919 – 17 de Novembro de 2013), que ontem faria 104 anos.

Hoje foi o copianço das palavras de uma mulher que admiro, mas que estou desconfiada que não seria fácil de aturar. Na imagem ficou-me a Senhora do carrapito que ao chegar a casa carregada com uns sacos de compras, leva com uns repórteres que lhe colocam à frente microfones, e lhe perguntam o que acha do grande premio Nobel que lhe acabam de atribuir. Dóris não lhes dá importância nem pula de alegria. 

 

 

Outubro 18, 2024

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Este marcador, quanto a mim conta duas histórias. 

A 1° é a de um homem com 90 anos que nos prova que a idade não faz de nós uns coitadinhos. Este senhor faz marcadores por amor, e sente-se muito feliz com isso. Tem o material consigo, e vai escrevendo nomes em cartolina que cortou e enfeitou. Ao meu filho ofereceu um com o emblema do Benfica. Este senhor foi ao meu restaurante com as filhas, comemorar o aniversário de uma delas, e os ofertados fomos nós.

A 2° é a minha gratidão. Adoro marcadores e adoro livros, o que é que poderia condizer melhor com os meus gostos? Este marcador com umas singelas flores pintadas. Nesta 2° história também entra o privilégio de ter conhecido o Sr. Ernesto Fernandes, como está na assinatura no outro lado do marcador.

Outubro 16, 2024

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"O poeta é aquele que ama o Pássaro em voo. O poeta voa com ele e vê as terras desconhecidas a que o seu voo leva. Por isso não há nada mais terrível para um poeta que ver um Pássaro engaiolado... Daí que ele se dedique, hereticamente, à tarefa de abrir as portas das gaiolas, para que o Pássaro voe... E é para isso que escrevo: pela alegria de ver o Pássaro em voo." - Rubem Alves

Se ela soubesse...

1 Foto, 1 Texto

Outubro 11, 2024

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Elegante, passa como se desfilasse

É dona de si, dona de suas vontades, desejos e actos

Provoca invejas nos que presos às convenções, a vêm passar

E ela passa como se desfilasse, desafiante e segura, deixando um rastro de incertezas, mas também de admiração 

Se ela soubesse...de causas e consequências 

Onde estaria a felicidade?

 

Outubro 09, 2024

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O que é o racismo? Qual racismo? O que sentimos em relação ao vizinho que teima em ouvir música em altos berros? Ou em relação à senhora que se senta todos os dias no banco do pequeno jardim a rogar pragas aos pombos e às crianças que passam a correr?

Será que a cor de alguém interessa ou será só a condição humana desse alguém que conta.

Sou de ódios de estimação, poucos mas fortes. O senhor que tratou mal o funcionário que mais não fazia do que fazer o seu trabalho, ou o que olhou mais do que a conta para a funcionária que ficou incomodada. Nenhum deles vai tornar a ver-me os dentes. Estes são alguns dos exemplos do meu trabalho que me fazem ser racista, porque são da raça dos parvos.

Tenho como experiência pessoal, os ciganos. Temos por cá famílias que sempre cá viveram, uns entraram na nossa comunidade, conviveram e cresceram connosco e ninguém se lembra de que raça são, outros (familiares dos primeiros) continuam dentro do seu mundo, recebendo subsídios e coçando o cu pelas paredes.

Também por cá temos gente, dita de raça branca, que não passam de uns pobres desgraçados, que nunca souberam o que era trabalhar e que vão corroendo a vida dos pais pouco a pouco, até estes faltarem e descerem mais um degrau, andando a arrumar carros. Não são produtivos, recebem também subsídios e não vieram de fora.

No meu restaurante, se não fossem os brasileiros que tenho a trabalhar comigo, estava tramada porque não aparecem portugueses a pedir emprego. Tenho 10 brasileiros e gosto muito deles. São jovens, alguns nem os pais têm por cá e vou servindo de mãezinha. Protego-os, e preocupo-me com as suas vidas e com as suas condições de habitação intervindo quando necessário.

O que será realmente o racismo, terá mesmo a ver com raças, ou com pessoas simplesmente?

O nevoeiro da vida

1 Foto, 1 Texto

Outubro 04, 2024

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Há dias assim, em que não existe nevoeiro só na atmosfera mas também no nosso dia.

Há dias em que não conseguimos ver mais além do nosso nariz, como se tudo o mais não existisse. 

E há dias em que sentimos que nos fecharam atrás de um cortina, e que por mais que queiramos não conseguimos afasta-la, como se nos tivessem expulsado do mundo.

Em ambos os casos, o mundo, a vida, o sol, continuam lá. Não os vemos porque a mente não deixa. Julga-se com direito a pregar partidas e a deixar um rasto de sofrimento no nevoeiro.

Mas vai passar, um sopro bem dado e começamos a ver uma árvore e outra a seguir, o rosto de quem nos faz bem e um sol que poderá estar envergonhado, mas que promete não nos deixar. 

 

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