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pessoas e coisas da vida

pessoas e coisas da vida

Novembro 27, 2024

imsilva

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COSTURANDO A VIDA!

– Fica-te tão bem o dia que trazes.
Onde é que o arranjaste?
– Fui eu que fiz.
Já me aborreciam os dias sempre iguais, sempre a mesma coisa, e resolvi arriscar um toque personalizado.
– E como fizeste?
– Aproveitei coisas que tinha e a que voltei a dar uso.
Subi as bainhas da manhã para deixar entrar mais claridade e bordei uns pontos de exclamação nos bolsos para ter sempre à mão maneira de me espantar com a beleza da vida.
Descosi velhos hábitos e teci algumas considerações importantes, como a de apanhar as malhas caídas dos dias com força de vontade e coragem.
Depois, junto à fímbria da noite, deixei abertos uns rasgos de imaginação e prendi os sonhos com colchetes de luz à esperança num mundo melhor.

Mia Couto

Calma e serenidade

1Foto, 1Texto

Novembro 22, 2024

imsilva

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A calma e a serenidade reinavam. A paisagem trazia com ela um suspiro de resignação e aceitação. Algumas lágrimas escondidas, viviam apesar de tudo. As contrariedades não deixavam de ser reais, não deixavam de ser pecados de quem não queria saber, de quem não sabia chorar. O desrespeito era avassalador, mas como tudo o que girava na elipse estelar, o positivo e o negativo, o ar e a terra, o fogo e a água, o preto e o branco, degladiavam-se teimosamente com armas pueris e degradantes, sem olhar em frente, sem olhar para trás, como se os cinco sentidos não se fizessem sentir.  Inocentemente, a calma e a serenidade reinavam.

Novembro 20, 2024

imsilva

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Fernando Pessoa

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E da ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

Patins. 1910

 

Desculpem -me, pedi emprestado à página do Facebook "Ancestralidades". Achei muito bom, tinha de o partilhar! 🦋

Amor no Buddha Eden

1 Foto, 1 Texto

Novembro 15, 2024

imsilva

No Buddha Eden encontramos o amor em belas estátuas espalhadas por aquele bonito recinto.

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O amor também pode doer, e com ele, aprender

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O amor de família é extensível ao infinito

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O amor é cuidar

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O amor é abraçar o coração do outro

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O amor é caminhar juntos

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O amor é estar lá

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O amor é proteger

Novembro 06, 2024

imsilva

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Arte © Svetlana Rumak

AS ROMÃS DE NOVEMBRO

abriste a porta e disseste que
toda a casa cheirava a alfazema
enquanto largavas sobre a mesa
as romãs de novembro
e olhaste para as paredes da sala como se
por entre as estantes carregadas de livros
rompessem estevas urzes lilases
abriste depois a porta do armário
procurando para as romãs um
prato do serviço de vista alegre que
querias sempre à tua espera mesmo que
o jantar se esquecesse no forno
alfazema repetiste
a palavra saboreada com o ar
de quem tinha deixado
o passado inteiro no elevador
e finalmente
encontrado o caminho de damasco

ALICE VIEIRA, in OLHA-ME COMO QUEM CHOVE


Novembro 01, 2024

imsilva

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— Posso sair para brincar, mãe?
— Ainda não, querida, não é a hora.
— Quando será?
— Logo, meu amor. Dorme, enquanto o momento certo não chega.

O tempo passou. As flores murcharam, e a grama se tingiu de dourado. As folhas, antes esmeraldas, agora resplandeciam em tons de cobre. O outono chegou, trazendo seus perfumes de melancolia e um vento suave que, embora balançasse os cabelos, abraçava a alma com um calor inexplicável.

Os dias de outubro passaram um a um, até que a mãe, com um toque leve no ombro do filho, sussurrou:
— Agora, pode ir brincar. Divirta-se, meu filho.

O garoto disparou para o parque. Subiu no baloiço, empurrando-se com força até sentir que voava. Depois, correu atrás de um bando de pombos, até que, de repente, um aroma familiar o guiou até uma casa. Ele entrou sem bater e encontrou uma senhora rezando. A mesa estava posta, cheia de comida. Sem hesitar, ele provou de tudo: pães quentes, chocolate espesso. Mas foi ao olhar uma velha fotografia que algo dentro dele se quebrou.

A imagem mostrava uma mulher e um menino. Uma dor profunda atravessou sua alma. Ao se virar para sair, sua mãe apareceu. Fechou a porta e, com um olhar terno, caminhou lentamente até a idosa, depositando um beijo em sua testa que a fez estremecer. Depois, abraçou seu filho.

A neblina que os envolvia dissipou-se, revelando seus rostos idênticos aos da fotografia. Na memória, uma visão angustiante surgiu: um carro se aproximando em alta velocidade. O impacto. E então, a calma.

— Agora entendo, mãe, eu entendo — disse o menino com a voz firme. Ele também beijou a avó.

Eles comeram e beberam juntos, acompanhando a velha senhora até que o tempo os chamou de volta. Uma energia misteriosa os puxou para casa, onde dormiriam novamente por quase um ano. No próximo Dia dos Mortos, porém, não estariam mais sozinhos; a avó finalmente se uniria a eles.

Enquanto suas almas refletiam sobre o que os ligava aos vivos, algo escapava ao seu entendimento: um vídeo de um baloiço se movendo sozinho estava sendo compartilhado pelo mundo, intrigando aqueles que, sem saber, testemunhavam o toque de outra dimensão.

Este simpático texto não é meu, é de uma página de Facebook "Sobre literatura?" Não poderia deixar de o colocar aqui neste dia.

 

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