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pessoas e coisas da vida

pessoas e coisas da vida

Um Natal desejado

1 Foto, 1 Texto

Dezembro 20, 2024

imsilva

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Lá fora já brilhavam luzinhas de Natal, já a televisão debitava sugestões de prendas para todas as idades, e já todas as crianças ansiavam pela vinda do pai Natal. Mas, lá dentro, naquele edifício grande, Duarte acordou em sobressalto. Sonhara que a mãe era levada, empurrada por um vento violentíssimo sem conseguir lutar contra ele. Já de olhos bem abertos, lembrou-se que já não estava em casa, que já não estava com a mãe. Estava numa casa de acolhimento após o terem ido buscar a casa, depois de uns problemas que a mãe tinha criado. Duarte bem sabia que a mãe não estava bem, precisava de uma arejada, talvez de uma ajuda médica. No dia a seguir depois de uma noite não muito bem dormida, a Dra. Cristina veio falar com ele. Veio dizer-lhe que a avó, que chegara a visitá-lo quando era pequenino, não fazendo ideia de porque o tinha deixado de fazer, queria vê-lo, falar com ele, saber se ele estava bem. Duarte ficou confuso, não se lembrava dela. Tinha falado com ela uma vez ao telefone por insistência de sua mãe, e pronto. Era a mãe do homem que seria seu pai, mas que não tinha querido. O que queria agora? Quando chegou o dia marcado, Duarte estava assustado. Entrou na sala e viu sentada na mesa de casa de jantar, uma mulher não tão velha como as avós costumam ser. Pediram-lhe para se sentar na cadeira ao lado, e fê-lo com o olhar posto no chão. - Olá Duarte - disse a mulher. - Olá - respondeu ele. Depois, depois foi uma longa conversa, ou diria melhor, um quase monólogo. A avó falou-lhe do seu afastamento, da preocupação contínua que tinha por ele, das razões que tinham levado àquela situação e que ele um dia entenderia melhor. A vida não era só coisas bonitas e tinham de saber lidar com o outro lado, o lado dos problemas, das coisas mais escuras, e do trabalho para lhes dar luz e paz. Era um situação mesmo muito complicada, mas ela estava ali por ele e para ele. Depois dessa visita houve outras duas em que a avó quis saber dos seus gostos, qual o seu prato preferido, qual a sua brincadeira favorita, se gostava do que aprendia na escola, do que gostava de fazer quando não estava lá. Duarte acabou por sentir que aquela senhora gostava dele, que o olhava com ternura e interesse, que era meiga e carinhosa, quem sabe, talvez pudesse confiar nela. Dois dias depois da última visita, apareceu novamente. Sentaram-se os dois na sala e a avó perguntou-lhe se gostaria de de ir passar o Natal com ela e com a família que ainda não conhecia. Eram tias, primos mais ou menos da sua idade, o avô e ainda um bisavô, coisa que o Duarte não pensou que teria. A criança ficou pensativa, deveria ir? Como seria estar no meio de tanta gente que não conhecia? E a sua mãe, com quem iria passar o Natal? Eram demasiadas perguntas para o rapaz que há um mês tinha deixado a mãe. A avó compreendendo as dúvidas do neto, disse-lhe que poderia pensar com calma e que depois poderia dar a resposta à Dra. Cristina, que por sua vez lha comunicaria. Houve uma conversa entre o Duarte e a sua responsável, chegando ambos à conclusão que valia a pena a tentativa de aproximação que a família pretendia, a esperança brilhava nos olhos do rapaz. No dia 24 de manhã, a avó apareceu com um grande sorriso e pegando na pequena mala do Duarte, deu-lhe a mão e dirigiram-se ao portão de saída. A senhora sentia que algo estava a começar, sentia-se feliz como há muito não sentia. O neto, apesar de apreensivo e tendo em conta que tinha sido sempre só ele e a mãe, levava o coração leve e os desejos de finalmente conhecer uma família. Os dois olharam-se olhos nos olhos, e sorriram um para o outro, iam ter três dias para entender o passado e preparar o futuro. Ao passar por um largo, ouviram um grupo coral  que cantava "a todos um bom Natal". 

Uma lua perdida?

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Dezembro 13, 2024

imsilva

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Sozinha, abandonada? Não, talvez um pouco perdida, afinal o dia não é a sua praia.

Mas, não é que fica tão bonita no meio de tanto azul? 

Talvez o seu sítio seja onde é precisa, onde a necessitam, talvez alguém nunca a tenha visto por só de dia olhar para o céu.

Um ponto, um ponto clarinho e pequenino na imensidão da abóbada celeste, a mostrar que tamanho não é sinal de importância, a mostrar que a humildade importa, a mostrar que isto é maior do que imaginamos.

Quando está na escuridão da noite, é um farol que guia pensamentos e emoções tantas vezes transpostos para o papel dos poetas e dos apaixonados. É um farol que nos alumia e nos dá alento na tristeza da noite escura.

Mas agora e aqui, está na claridade do dia, e que bem que fica no azul do céu.

 

Calma e serenidade

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Novembro 22, 2024

imsilva

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A calma e a serenidade reinavam. A paisagem trazia com ela um suspiro de resignação e aceitação. Algumas lágrimas escondidas, viviam apesar de tudo. As contrariedades não deixavam de ser reais, não deixavam de ser pecados de quem não queria saber, de quem não sabia chorar. O desrespeito era avassalador, mas como tudo o que girava na elipse estelar, o positivo e o negativo, o ar e a terra, o fogo e a água, o preto e o branco, degladiavam-se teimosamente com armas pueris e degradantes, sem olhar em frente, sem olhar para trás, como se os cinco sentidos não se fizessem sentir.  Inocentemente, a calma e a serenidade reinavam.

Amor no Buddha Eden

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Novembro 15, 2024

imsilva

No Buddha Eden encontramos o amor em belas estátuas espalhadas por aquele bonito recinto.

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O amor também pode doer, e com ele, aprender

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O amor de família é extensível ao infinito

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O amor é cuidar

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O amor é abraçar o coração do outro

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O amor é caminhar juntos

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O amor é estar lá

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O amor é proteger

Outubro 25, 2024

imsilva

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Eléctrico no Porto - 24 de maio de 2024

Depois de uma corrida sofrida, conseguiu apanhar o eléctrico, que ali ao pé da torre dos Clérigos, parecia ter esperado por ela e que a levaria à Foz. Estava no Porto há cinco anos e muito já tinha vivido durante esse tempo. Amizades, amores e desventuras que a tinham marcado profundamente. Não entendia porquê, mas gostava daquele eléctrico. O ar rústico levava-a a outros tempos, o cheiro a couro e madeira fazia-a sentir-se noutra época e assim deixar os pensamentos e as amarguras de agora descansarem. Era bom que se pudesse fugir assim do que nos magoa, entravamos num qualquer veículo que nos fizesse viajar no tempo e faríamos um intervalo da vida.

Desejou que o caminho durasse muito tempo, sentiu-se protegida ali dentro e ao mesmo tempo reflectiu sobre si mesma e o que queria para si. Acabou por relaxar e entender o que tinha de ser feito. Nunca se sentira tão segura de uma decisão.

Chegada ao destino, viu imediatamente a figura de João sentado num banco com a vista de tanto mar por trás. Respirou fundo e decididamente deu os passos necessários para que a sua vida fosse aquilo que ela queria.

Outubro 18, 2024

imsilva

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Este marcador, quanto a mim conta duas histórias. 

A 1° é a de um homem com 90 anos que nos prova que a idade não faz de nós uns coitadinhos. Este senhor faz marcadores por amor, e sente-se muito feliz com isso. Tem o material consigo, e vai escrevendo nomes em cartolina que cortou e enfeitou. Ao meu filho ofereceu um com o emblema do Benfica. Este senhor foi ao meu restaurante com as filhas, comemorar o aniversário de uma delas, e os ofertados fomos nós.

A 2° é a minha gratidão. Adoro marcadores e adoro livros, o que é que poderia condizer melhor com os meus gostos? Este marcador com umas singelas flores pintadas. Nesta 2° história também entra o privilégio de ter conhecido o Sr. Ernesto Fernandes, como está na assinatura no outro lado do marcador.

Se ela soubesse...

1 Foto, 1 Texto

Outubro 11, 2024

imsilva

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Elegante, passa como se desfilasse

É dona de si, dona de suas vontades, desejos e actos

Provoca invejas nos que presos às convenções, a vêm passar

E ela passa como se desfilasse, desafiante e segura, deixando um rastro de incertezas, mas também de admiração 

Se ela soubesse...de causas e consequências 

Onde estaria a felicidade?

 

O nevoeiro da vida

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Outubro 04, 2024

imsilva

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Há dias assim, em que não existe nevoeiro só na atmosfera mas também no nosso dia.

Há dias em que não conseguimos ver mais além do nosso nariz, como se tudo o mais não existisse. 

E há dias em que sentimos que nos fecharam atrás de um cortina, e que por mais que queiramos não conseguimos afasta-la, como se nos tivessem expulsado do mundo.

Em ambos os casos, o mundo, a vida, o sol, continuam lá. Não os vemos porque a mente não deixa. Julga-se com direito a pregar partidas e a deixar um rasto de sofrimento no nevoeiro.

Mas vai passar, um sopro bem dado e começamos a ver uma árvore e outra a seguir, o rosto de quem nos faz bem e um sol que poderá estar envergonhado, mas que promete não nos deixar. 

 

Setembro 27, 2024

imsilva

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Hoje é sexta feira. Hoje é dia de escrever sobre uma foto. Hoje é dia de manter um compromisso. 

Quando pensei numa foto, olhei e vi a Angie a fazer meditação e pensei, porque não? Se uma gata faz meditação, isso só poderá dar um post! Vai daí, tirei-lhe a fotografia antes que desse por isso, e aqui está ela (reclamo muito com as gatas, mas têm sido muito inspiradoras neste blog, terei que rever os meus sentimentos por elas).

Dizem que meditação faz bem, acalma, que ajuda a ter ponderação, e pela calmaria que esta gata tem, tenho de acreditar naquilo que dizem. Se resulta com toda a gente é que já não sei. Pela quantidade de gentinha nervosa e irritada que por aí anda, a fazer porcaria, a criar situações que levam à morte dos seus pares, eu seria a favor de um curso intensivo de meditação a todos os que querem postos de chefia, já seja em empresas, já seja para aqueles que entendem que sabem governar um país e o mundo. 

Tenho dito! (Obrigada Angie)

Livro dos contos de natal do Blog

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