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pessoas e coisas da vida

pessoas e coisas da vida

A bela senhora

1 Foto, 1 Texto

Agosto 09, 2024

imsilva

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A bela senhora perfumou-se, vestiu o seu melhor traje, ordenou que a criada lhe fizesse os mais belos caracóis no cabelo, hoje não usaria a peruca, e preparou-se para o encontro com o seu senhor. Esta preparação exigia uma funda inspiração para a mente se acalmar, e poder aparecer em todo o seu esplendor sem franzir qualquer parte do seu rosto para não desagradar o seu amo.

Com a aia atrás de si, saiu dos seus aposentos e iniciou a descida da enorme escadaria, tendo o cuidado de colocar os seus mimosos pés calçados com uns magníficos sapatinhos de cetim, no degrau certo com a maior delicadeza possível.

Chegada ao átrio, atravessou-o com a cabeça erguida confiante na imagem que transmitia, e alcançando a entrada, debruçou-se na balaustrada que dava para o pátio principal para admirar o seu senhor. Ao não ver alguém à vista, mandou chamar o lacaio do seu amo e perguntou-lhe onde se encontrava este, com quem tinha uma cita marcada nessa hora. O pobre lacaio ficou um pouco perturbado e titubeando explicou que o seu senhor tinha ido de viajem por uma semana, por se encontrar, segundo ele, estupidificado na madorna vida do palácio.

A bela senhora, muito devagar, virou-se, tornou a fazer o caminho que acabara de fazer em sentido contrário, mas não ia só. Acompanhava-a a tristeza e duas lágrimas que teimosamente decidiram deslizar pelo seu rosto.  

Julho 31, 2024

imsilva

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+'ppppppppppppppppppppppppppppp

A chata da gata que tenho ao meu lado, decidiu dizer de sua justiça 

Não sei se lhe agradeça se ralhe. Afinal estava eu aqui com o computador aberto a pensar o que haveria de escrever e a D. Angie só deu uma ajuda. Na foto ainda não tinha avançado para os seus pês, mas já pensava neles.

A simplicidade da mente de um gato poderia ensinar-nos algo como; para quê pensar muito? Quero festas, dá-mas e deixou-te em paz. Mas primeiro deixa-me mostrar-te o meu carinho com a oferta destes meus pelos fofos espalhados à tua volta.

Ok. Obrigada Angie, por pensares no meu bem estar e me ajudares a escrever este post.   

 

Julho 26, 2024

imsilva

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O nosso amigo Vagueando lembrou-me ontem que este desafio cumpre 1 ano. E eu, que ainda não tinha dado por isso, fiquei a pensar onde raio se tinha metido o tempo que não dei por ele. Será isso uma coisa boa, ou será menos boa? Depende da perspectiva de cada um e daquilo que fez neste ano que já passou. Pergunto-me o que é que eu fiz, e assim de repente parece que nada fiz. Mas, o certo é que um ano da minha (nossa) vida, já foi.

Quanto ao desafio, até hoje está a surtir efeito, à sexta-feira sou obrigada a encontrar uma fotografia e a escrever com base nela. Isto foi na tentativa de não me relaxar e deixar em branco mais um dia de blog. Já aconteceu numa semana ser este o único post escrito.

Por isso, vamos lá continuar. Quando comecei disse que se alguém quissesse acompanhar seria bem-vindo, mas mesmo sozinha será o meu desafio das sextas-feiras.

A este mundo bloguiano, neste cantinho à beira net plantado, e num dia que nos diz muito, como este dia do Escritor, tenham um bom fim de semana, e sejam felizes.

Maio 15, 2024

imsilva

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ALICE VIEIRA

O QUE DÓI ÀS AVES 

Às vezes uma palavra bastava
Para que eu soubesse que virias sempre
ao meu encontro

Mas depois chegaram imprevistas tempestades
Que desenharam estranhas perdições
No mapa dos teus dedos

E as palavras que ninguém quis
Silenciaram a festa do meu corpo

E cobriram o teu daquele silêncio imóvel
Dos lençóis que se estendem sobre as casas
Abandonadas no fim do verão



 

Maio 08, 2024

imsilva

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Barulho de fundo

fundo de garrafa cheia

cheia de palavras

palavras ocas, vazias

vazias de ideias, de poesias

poesias que não cabem

não cabem numa garrafa cheia

cheia com barulho de fundo

...

Gente que fala

fala de tudo

fala de nada

fala sem ver

fala sem sentir

fala sem saber

fala por falar

...

Barulho de fundo

fundo de garrafa cheia

cheia de vozes que falam

falam de tudo, falam de nada

Abril 24, 2024

imsilva

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Escrever

Vontade de escrever, obrigação de escrever, necessidade de escrever, talvez escrever, seja suficiente e quem gosta de escrever vai-me entender.

Há algo na preparação da escrita, encontrar o espaço, escolher a maneira de o fazer, seja em papel ou em teclas, que nos faz antecipar o prazer do resultado, a expectativa da harmonia de palavras e frases que nos prolongam, nos complementam, traduzem desejos, ideias, que dão azo à imaginação que guardamos cientemente e que no texto podemos lançar ao mundo.

Não é preciso ter o talento de um escritor, só precisamos de vontade e gosto em juntar as letras do abecedário e exprimirmos gostos, sensações, ideias mais ou menos arrumadas e depois sabermos que um pouco de nós ali ficou.

Se a ideia não é publicar um livro, isto será suficiente para aumentarmos um pouco a nossa felicidade. 

Eu, gata, me confesso.

1 Foto, 1 Texto

Abril 05, 2024

imsilva

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A mãe da minha dona Maria, a Isabel, (creio que conhecem), tem andado muito ocupada com os netos, com o pai, com o trabalho, com a neura, enfim, não tem vindo aqui a este cantinho à beira net plantado (como ela diz). Aliás,  creio que tem ponderado a entrada num convento de clausura. Vai daí, incumbiu-me a mim, Angie, a missão de vos dizer qualquer coisa neste desafio que ela própria criou.

O que hei-de eu dizer? Que esta minha vida de gata é muito complicada. Quando me quero deitar para relaxar e dormir um bocadinho, tenho que escolher entre vários spots, o que é realmente estressante. Será neste sofá, ou naquele? Talvez seja melhor naquela manta ou então naquele pedaço de chão onde o sol está a bater. Indecisões que me baralham o cérebro.

Quando vão pôr a ração na taça, tenho de me conter e esperar que a gulosa da minha filha Mallu, vá comer primeiro. Mesmo com 2 taças, ela quer sempre comer da minha, filhos...

Ah! Esqueci-me de dizer que outro dos focos de neurose da Isabel é os pelos que deixamos por onde passamos e as arranhadelas casuais nos sofás e afins. Não entende que somos simplesmente gatas, e que na vida há coisas que fogem ao nosso control. Creio que esta parte ela aguenta melhor porque não chateamos ninguém, somos calminhas.

Não sei se gostaram deste post escrito por uma gata, mas, pode ser que pegue e mais animais o façam. Quem sabe se passam a entender-nos melhor. 😻

Março 20, 2024

imsilva

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Com raiva, alguma agressividade ou talvez, quem sabe, simplesmente frustração, deu um pontapé num pequeno tronco que apesar de pequeno era mais forte do que estava à espera, danificando a ponta da cara bota de camurça. Amor com amor se paga, pensou Cecília.

A sua avó dizia-lhe muitas vezes -" Filha, prepara-te que a vida nem sempre é como tu queres". Mas quando somos crianças, tudo o que os mais velhos nos dizem soa a exagero, e teimamos em não acreditar.

O emprego onde estivera alguns anos e que parecia ideal, não tinha durado muito. A conjuntura económica e empresarial tinha obrigado ao encerramento da empresa e dezenas de pessoas, algumas com agregados familiares ao encargo, ficaram sem saber o que fazer a seguir, uma vez que era um problema geral.

Cecília pôs mãos à obra e tentou seriamente encontrar algo que pudesse resolver a sua situação. Mas não foi fácil e o que aparecia, ou era muito longe ou era muito abaixo do que seria necessário para as suas obrigações. O seu apartamento tinha uma renda significativa, tanto pelo sítio como pela sua qualidade. E tinha ao seu encargo a mãe que internada numa casa de repouso, devido a um Alzhaimer galopante, não poderia de maneira alguma descuidar. Queria fazer os possíveis para poder continuar onde estava.

Falaram-lhe de um escritório de advogados humilde na sua dimensão por ser bastante recente, e tentou a sua sorte. Os seu currículo servia para o posto, e quando se apresentou, foi aceite. O ordenado não era o que estava habituada, mas não estava em condições de recusar. Eram 4 pessoas que a muito custo faziam com que o escritório ganhasse alguma credibilidade. Entre eles um homem que mexia com as emoções de Cecília, e quando deu por isso já estava perdidamente apaixonada. Pensando ser correspondida, deu tudo de si e sonhou com algo mais, mas, "a vida nem sempre é como nós queremos", lembrou mais tarde. Claro que tinha que ser casado, claro que tinha que ter três filhos, claro que tinha que contar a velha história do, "não sou feliz no meu casamento" mentindo com quantos dentes tinha,

Cecília deixou o escritório. Não conseguiria ver aquele homem à sua frente todos os dias, e assim voltou ao desespero. O estado de saúde de sua mãe agravava-se, deixando-a impotente perante a ideia de ficar sozinha, mais sozinha do que já estava.

Naquele dia, completamente desajustada nas emoções, no meio de um jardim onde esperava encontrar alguma paz e discernimento, deixou-se cair no chão com as pernas cruzadas, apoiou os cotovelos nos joelhos e a cabeça nas mãos entrelaçadas e finalmente deixou as lágrimas correrem. Quem sabe se com as lágrimas não sairiam também dores, tristezas e amarguras?

Ao mesmo tempo o céu, talvez em solidariedade, mandou as nuvens chorar também.

Cecília olhou para cima, sentiu gotas de água a cair-lhe na cara, sorriu, agradeceu e sentiu-se acompanhada.

Livro dos contos de natal do Blog

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