A bela senhora
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Agosto 09, 2024
imsilva
A bela senhora perfumou-se, vestiu o seu melhor traje, ordenou que a criada lhe fizesse os mais belos caracóis no cabelo, hoje não usaria a peruca, e preparou-se para o encontro com o seu senhor. Esta preparação exigia uma funda inspiração para a mente se acalmar, e poder aparecer em todo o seu esplendor sem franzir qualquer parte do seu rosto para não desagradar o seu amo.
Com a aia atrás de si, saiu dos seus aposentos e iniciou a descida da enorme escadaria, tendo o cuidado de colocar os seus mimosos pés calçados com uns magníficos sapatinhos de cetim, no degrau certo com a maior delicadeza possível.
Chegada ao átrio, atravessou-o com a cabeça erguida confiante na imagem que transmitia, e alcançando a entrada, debruçou-se na balaustrada que dava para o pátio principal para admirar o seu senhor. Ao não ver alguém à vista, mandou chamar o lacaio do seu amo e perguntou-lhe onde se encontrava este, com quem tinha uma cita marcada nessa hora. O pobre lacaio ficou um pouco perturbado e titubeando explicou que o seu senhor tinha ido de viajem por uma semana, por se encontrar, segundo ele, estupidificado na madorna vida do palácio.
A bela senhora, muito devagar, virou-se, tornou a fazer o caminho que acabara de fazer em sentido contrário, mas não ia só. Acompanhava-a a tristeza e duas lágrimas que teimosamente decidiram deslizar pelo seu rosto.