Março 22, 2021
imsilva
Quando se é de uma geração e de um sítio pequeno, quando só se saía de casa para casar, muita coisa ficou por fazer e viver.
Coisas que hoje são dados adquiridos das novas gerações, mas não na minha. Houve realmente quem o fizesse, mas era uma minoria nem sempre bem vista. Se o poderia ter feito? sim, poderia, mas faltou incentivo e provas de que havia vida fora dalí.
Fiz o que quis, casei porque quis, tive os filhos porque quis, e não voltaria atrás.
Tanto o meu marido como eu, crescemos com o pensamento em que o importante era trabalhar, ganhar um ordenado. E nós, obedecemos porque eramos comodistas e à nossa volta era assim que se vivia.
Quando a vida foi acontecendo, fomos fazendo as nossas escolhas e fomos tomando as nossas decisões, porque podíamos. E correram bem.
Hoje quero (queremos), mas existem responsabilidades que ainda não permitem, seguir o caminho que saberia bem, o que acreditamos que merecemos.
Hoje, talvez pudesse (pudessemos) sair, descobrir, ter a indepêndencia que nos falta depois de anos de trabalho, de horários que não lembram a ninguém, de uma vida a trabalhar quando todos os outros se divertem.
E é isso que tenho que tentar fazer, comprar um pacotinho de coragem na farmácia, para soltar amarras e acreditar que agora é o meu (nosso) tempo. Que agora sou eu (nós) que vamos andar para a frente em termos de lazer, em termos de liberdade, que somos capazes de ir, sem olhar para trás, sem olhar para quem cá fica.
Mas, são pais, são filhos, são netos, e por isso é tão díficil, por isso eu digo, será que quero? Talvez tenha que aprender a querer.
Participação no Passatempo da Fátima