Julho 14, 2023
imsilva
Fecharam a janela, abandonaram a vida que tinha dentro, e tudo morreu.
Quem lá habitou, riu, chorou, sentiu esperança, emocionou-se com cores e cheiros, viveu o amor e o carinho, sentiu dores e desgostos, como todos os que andam por aí.
Hoje, tem uma cor vivida, degradada e marcada pelo abandono. Tem uma decoração da rua, dos artistas anónimos que sem pejo algum, deixam a sua marca por qualquer sítio onde a lata de spray possa trabalhar.
Gosto dos pedaços de tábuas que tentam proteger as histórias que ficaram dentro e que também terão as suas próprias para contar.
Entrei nesta casa muitas vezes. Era onde morava uma amiga minha. No rés-de-chão era uma taberna, nos pisos de cima a habitação. Uma casa cheia de vida e movimento, eram os avós, os pais e quatro filhos. Creio que três deles estão vivos, a minha amiga morreu há uns anos depois de ter passado por vários problemas de saúde.
As casas degradadas têm histórias para contar e memórias para quem as conheceu com vida dentro.