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pessoas e coisas da vida

pessoas e coisas da vida

Outubro 30, 2020

imsilva

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Juntavamo-nos na nossa casa, alguns eram familiares, outros simplesmente amigos.

Grandes noitadas de roda das cartas, dos amendoins, de um copo de cerveja ou de um cálice de Porto.

Era uma miríade de jogos, mas o que dava mais gozo, era a "lerpa".

A minha irmã era a maluca que se mandava de cabeça, o meu primo o inocente que perdia sempre, a minha mãe a que fazia todos recuar quando dizia que ia a jogo, porque ficávamos logo a saber que tinha o às. E os amigos deliravam com todas as características envolvidas. De vez em quando ainda falam daquelas noites.

Ao relembrar essas noitadas sinto uma dorzinha na alma, ao pensar que hoje já não seria assim. Hoje não podemos reunir-nos, tocarmos todos nas mesmas cartas, gargalharmos nas caras uns dos outros.

Em que é que o ser humano vai-se transformar depois de tudo isto passar? Seremos capazes de conviver como fazíamos antes? Estará a morrer a espontaneidade com que se dava um abraço ou um beijo a um amigo?

Medo, muito medo, do mundo em que os meus netos vão crescer.

Medo, muito medo, do mundo em que vamos viver daqui para a frente. 

 

Este texto tem o patrocínio da Mula e da Mel

Dia de ventania.

Passa-palavra# 4 vento

Outubro 16, 2020

imsilva

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Do lado de fora da janela, ouve-se o barulho da ventania que varre a rua e as suas àrvores centenárias.

Nas casas vizinhas, algumas portadas das janelas soltaram-se das suas prisões e batem desenfreadamente nas paredes.

O carteiro, tentando protejer-se da melhor forma possível, apesar de isso ser difícil, tenta entregar as últimas cartas aos destinatários para poder voltar ao refúgio do edificio dos correios, antes de levantar voô.

Uma das habitantes da rua, faz um último esforço para abrir a porta da sua casa, e assim, entrar na sua segurança levando o filho mais novo bem agarrado pela mão (que com a outra segura o boné em desespero).

E eu, bem aconchegada no meu casaco preferido, (aquele que se veste quando se chega a casa com frio) do lado de dentro da janela, aprecio o quadro vivo que desfila lá fora em frente aos meus olhos.

E é quando ouço a chaleira a apitar, e me preparo para me sentar no sofá, com uma chávena de chá numa mão e um livro na outra.

 

Outubro 15, 2020

imsilva

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O vento levou-me para lá, para lá do horizonte

E eu fiquei perdida, não tinha noite, não tinha dia

E comigo o vento levou os meus sentidos

para lá do entendimento

E eu fiquei sem sentir, sem alento

Pedi ao vento para me trazer de volta

de volta ao meu ser

Aquele que sente, que se encontra dentro do meu presente

 

Texto no âmbito deste Desafio da Mula e da Mel

 

 

A casa

Saudade

Outubro 02, 2020

imsilva

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Lembra-se da casa, de quando era pequena. Uma casa de tijolo, de janelas com portadas azuis e na porta um batente em forma de punho.

Que saudades...

Lá dentro as paredes estavam pintadas de um verde "seco" e as janelas, que ela se lembrava de ver o avô de vez em quando de roda delas a raspar e a pintar, eram brancas. As cortinas eram às flores, côr de rosa e vermelhas com muitas folhas de várias verdes, entre eles o tal verde "seco". E como alegravam a casa. Nessas mesmas janelas, lembrava-se de encima de um banco, espreitar para as casas do outro lado da rua, e de ver a senhora do cão a tratar do jardim e das magnificas rosas que lá tinha.

Por baixo das escadas que davam para o 1º andar, havia um espaço maravilhoso onde gostava de passar o tempo. Levava um cobertor, punha-o no chão, e era lá que lia um livro,  que pintava desenhos ou que vestia e despia as bonecas com as roupas que a avó lhes fazia.

No Inverno acendiam a lareira e sentava-se ao colo do avô para ouvir as suas histórias. A avó tinha sempre bolinhos e bolachas que fazia no grande forno da cozinha, e que deixava a casa a cheirar maravilhosamente bem. 

Que saudades...

Hoje a casa já não cheira a bolos, os avós já não estão lá há uns anos, e ela já não é pequena.

Hoje ela está à cabeceira da avó, que depois de muitos anos de luta e de dar amor e atenção a toda a gente, vive os seus últimos momentos.

E ela com saudades de tudo o que viveu naquela casa, e com quem o viveu, pensa em lá voltar, pensa que tem de vê-la porque...quem sabe?

 

Texto escrito no âmbito deste Desafio

 

 

 

Setembro 29, 2020

imsilva

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Saudade de ti, de mim,de nós

Saudade do que fomos, não do que somos, mas do que poderemos vir a ser

Saudade da vida, do tempo, do sentimento ausente

Saudade de te ver nos meus olhos e de me rever nos teus

Saudade do toque, da cumplicidade, de ser tua, de seres meu

Saudade daquele recomeço que tarda a começar

Saudade de um futuro, aquele futuro que desejamos

Saudade do beijo perdido no universo, onde não estamos

Saudade dos dois sermos um

 

Este texto pertence a este Desafio

Setembro 23, 2020

imsilva

Há mais um desafio à solta pelo universo bloguista sapiano.

Uma óptima desculpa para pôr a criatividade à solta. E aqui começa a minha participação.

 

O triciclo amarelo

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Fez a felicidade da Aninhas quando pequenina gaiata. Fez a felicidade do André e do Ricardo, filhos da Aninhas, quando petizes. Ainda passou pelas mãos e pés dos primos António e Gabriela.

Quando o André foi pai de Margarida, decidiu recuperar o velho triciclo. Queria que os filhos também usufruissem da alegria que ele tinha vivido com aqueles pedais nos pés.

Quando chegou a altura da pintura não poderia haver outra côr que fosse escolhida sem ser a original "amarelo".

E chegada a altura, os olhos de Margarida brilharam quando lhe apresentaram o "velho" triciclo, que brilhava como os olhos da criança, com todo o esplendor de um triciclo novo.

O carinho e amor com que fora restaurado, tinha-lhe dado uma nova vida. E quem sabe a quantas gerações mais traria felicidade.

Muitas histórias, joelhos esfolados de variadíssimas corridas e gargalhadas, poderia, e continuaria a contar aquele triciclo amarelo.

 

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