Fevereiro 10, 2023
imsilva
"De nome Mário, o avô desta história colhe laranjas e lê poesia. Fora carteiro e marinheiro. O neto descreve-o assim: " O meu avô era muito grande e muito alto. Tinha braços tão longos que um dia lhe perguntei se poderiam dar a volta ao mundo".
Respondia a tudo o que o neto lhe perguntava, exceto no dia em que em que evitou dizer-lhe o que tinha feito em África.: " A esta pergunta o meu avô não respondeu logo. Guardou devagar o mapa entre as páginas de um livro. Olhava para mim, ainda mais sério que do que o costume, quando me disse que em África não tinham feito nada de bom. "
Com o avançar do tempo, o menino crescia e o avô parecia encolher.
"Antigamente, o cadeirão não tinha espaço para tanto avô, mas agora parecia engoli-lo quase por inteiro."
Disse-me que todos os avós são minguantes porque todos os netos são crescentes e é nesse cruzamento que se encontram tão bem."
Daniela Leitão. O avô minguante. Ilustração Cristina Silva. Edição Planeta de Livros Portugal para Pingo Doce.
In. Guia Crianças blogues.publico.pt/letrapequena