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pessoas e coisas da vida

pessoas e coisas da vida

Agosto 02, 2024

imsilva

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A capacidade de imaginar uma selva num pedaço de verde, 

de sentir leões e tigres, talvez um elefante nas proximidades

de sentir que facilmente se leva a melhor a uma piton de 5 metros

A capacidade de nos sentirmos crianças num mundo melhor e maior

Melhor no amor, na leveza de viver com aquilo que importa

Maior na empatia e na aventura que é viver como as crianças

Vendo um tigre que pede festinhas, ou uma piton que só quer brincar

Porque mesmo a brincar, podemos levar as coisas a sério

Desafio "Arte e inspiração" #6

Diferentes infâncias

Outubro 20, 2021

imsilva

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                                                           O sobreiro - Rei D. Carlos de Bragança 

O avô contava ao neto as vezes que tinha esfolado as pernas a trepar àquela árvore. Até lhe contou, à laia de segredo, que era por isso que ela estava vergada e ela própria esfolada também. Era da quantidade de vezes que os miúdos subiam para os seus ramos. Mas, que tinha a certeza que também estava vergada pela tristeza que sentia por já não haver crianças que a quisessem trepar. Sentia, com toda a certeza, falta do calor dos seus braços e pernas, dos seus gritos de entusiasmo quando conseguiam chegar lá acima.

O avô perguntou ao neto se queria experimentar, o neto olhou para os ramos da árvore e não se sentiu muito seguro de que seria uma coisa correcta, nem era algo que  alguma vez tivesse feito ou que desejasse fazer, olhou para as suas calças e pensou no que a sua mãe diria se as esfolasse, para além da ansiedade que a ideia lhe provocava.

O avô, adivinhando os pensamentos do neto, teve pena das crianças que nunca saberiam o que era a liberdade de subir a uma árvore, e de esfolar um joelho que arderia como tudo, mas que daria tanto prestígio. Não tendo coragem de desafiar o neto para tal experiência,  mais por medo dos pais do que por outra coisa, deu a mão ao neto e voltando as costas ao secular sobreiro, continuaram o passeio pela bela e calma paisagem de uma pacata aldeia, tão longe e tão perto da buliçosa cidade onde as crianças não trepavam às árvores. 

 

Texto no âmbito do desafio da Fátima Bento

Livro dos contos de natal do Blog

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