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pessoas e coisas da vida

pessoas e coisas da vida

Março 28, 2022

imsilva

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Este ano tem sido horrível! Como se os outros já não tivesssem sido assim apelidados...

Desde uma operação à hernia ao meu marido, à visita do vírus COVID à maior parte da família, a uma guerra estúpida a dois passos daqui, ao internamento da minha mãe que esteve sem visitas 2 semanas (agora já tem), à morte de 2 pessoas que de algum modo estão ligadas à nossa vida, têm sido quase 3 meses de angustia e atribulações como não me lembro noutro ano. 

Nos anos COVID, era só com o que nos tinhamos de preocupar, agora são 58 coisas ao mesmo tempo, que me deixam sem saber para onde dirigir o meu olhar.

Posso parecer pobre e mal agradecida mas tenho-me sentido sem chão muitas vezes. A única coisa que queria muito, muito fazer, uma coisinha pequena, pequenina, tão pequenina que ...desapareceu, era sair 3 dias, perder a chaminé de vista, respirar fundo noutros ares, num cantinho qualquer deste Portugal tão bonito e que está à minha espera. Mas, até isso me foi vedado.

A esperança é a última a morrer, e de esperança tenho vivido nestes últimos dias à espera de uma aberturazinha que permita a fuga. Uma singela fuga que não magoa ninguém, até pelo contrário, não me deixem fugir e verão se não vão aparecer por aí coxos e marrecos depois de lhes ter tratado do pelo.

Como se pode chamar horrível a este ano depois de termos passado pelos outros dois? Mas, eu chamo, chamo sim, e com todas as letras, H-O-R-R-Í-V-E-L!

Quantos meses faltam para o fim de 2022???

Histórias da vida real - II - Henrique

Porque todos somos feitos de histórias

Março 25, 2022

imsilva

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Henrique viveu bem.

Henrique viveu bons e maus bocados na vida. Nos últimos 20 anos a vida de Henrique não foi fácil. Problemas vários, desde familiares a problemas de saúde, e a problemas laborais e financeiros, Henrique já reformado há dez anos, teve de continuar a trabalhar.

Henrique tentou. 

Henrique é boa pessoa. Gostamos dele. Mas a vida achou que Henrique não merecia paz, não merecia uma velhice descansada e deu-lhe tudo menos isso.

Henrique teve mais um AVC, mais um vírus e mais uma bactéria.

Henrique não quer mais viver.

Henrique não quer estar ligado a uma máquina, sabendo que não vai mais sair dali.

Henrique está consciente e pediu para desligarem essa máquina.  

Essa máquina desligou-se sozinha...

Histórias da vida real - I - Maria

Porque todos somos feitos de histórias.

Março 24, 2022

imsilva

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Maria reformou-se.

Maria chegou à idade da reforma e reformou-se. Maria queria fazer companhia ao marido aposentado por imposição há uns anos atrás, e com alguns problemas de saúde, apesar de muito activo.

Maria, a rapariga mais velha de 7 irmãos, e que com a morte prematura da mãe teve de ajudar a criar os irmãos mais novos, sendo ela também muito jovem.

Maria tem um coração do tamanho do mundo, sempre pronta a ajudar o próximo.

Maria não tem filhos, uma dor nunca superada. Maria tem sobrinhos por quem se desvela.

Maria tem paixão pelo seu marido, e durante os seus problemas de saúde (renais) foi um forte suporte, sem nunca abdicar da luta e conseguindo uma estabilidade que se traduziu numa vida cuidada e normalizada.

O marido de Maria adoece gravemente 15 dias depois de Maria se reformar.

O marido de Maria está entubado e ligado a uma máquina.

O marido de Maria morreu.

Maria reformou-se, e ficou sozinha.

Fevereiro 07, 2022

imsilva

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Bela imagem, não é?

Transpira paz, descanso, aconchego. E seria tudo isso, se não tivesse sido uma obrigação, uma imposição sem direito a revolta. E seria tudo isso, se não tivesse havido febre, dores de cabeça, muita tosse, ranho e muita falta de paciência para tudo o que estava à minha volta. Mas, já passou, ainda em isolamento, mas mais tranquila. 

Ahhhh! Querem saber qual o livro que estava a ler? Isso é para depois, quando o acabar de ler. Porque não houve muita boa disposição para conseguir acabá-lo, a febre não é amiga de leituras.

Julho 02, 2021

imsilva

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Quando escrevi  Parar? Como?  foi quando morreu a Maria João Abreu.  Na altura todos diziam que o cansaço que ela tinha , era um sinal de que devia parar, que estava a entrar na exaustão.

Entretanto, a Marta escreveu este maravilhoso post A subida e completou-o quando eu escrevi Quando a vida muda...

Ora, toda a gente sabe que as palavras são como as cerejas, como as opiniões, como os comentários, atrás de uns, vêm outros.

Daí o meu comentário ao texto da Marta se ter transformado em post.

Todos nós trilhamos caminhos, subimos algumas montanhas, com mais ou menos custo, e na maioria das situações com a obrigação as costas. Quantos de nós diremos um dia ; "Tenho que parar, estou esgotado, esta semana não contem comigo a tempo inteiro.?"

Quantos de nós poderemos dizer isso um dia?

Eu fui obrigada a parar, e sinceramente correu bem. Passaram sem mim, alguém se esforçou mais para isso acontecer, mas o certo é que foi possível.

Mas, se eu não tivesse ido parar ao hospital, teria tido a coragem de dizer ; não contém comigo esta semana? Não, não o teria feito, simplesmente porque não sabemos quando estamos a pisar o risco. Porque cansaço e nervos é o pão de cada dia no trabalho que nos dá o ganha pão para vivermos com um mínimo de dignidade.

Se foi o cansaço que me levou a parar? Quem sabe? Provavelmente não...Foi um vírus, dizem eles. Para além de  as teorias da conspiração dizerem que poderá ter sido uma sequela da vacina, tomada 4 dias antes.

De qualquer das maneiras, deveríamos cuidar-nos, deveríamos olhar mais para nós próprios, deveríamos saber que não somos invencíveis, e que mesmo sabendo lutar deveríamos saber parar, inspirar, expirar, e sentirmos o sangue que nos percorre as veias, como um bem precioso que deve de ser cuidado.

Ah! É tão bom escrever baboseiras...O último paragrafo deve de ser de uma novela alienígena, só pode!

Cuidem-se! Mais asssim ou mais assado, mas que seja da melhor maneira possível.  

 

 

Junho 24, 2021

imsilva

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Já ouviram com certeza " levas uma coça que ficas sem saber como te chamas ", não levei a coça,  mas fiquei sem saber ( literalmente) como me chamava.

Tão fácil ficarmos dentro  de um hospital,  limitados a ordens médicas,  sem valermos mais do que isso . E pensava eu que a pandemia me tinha ensinado a enfrentar as vicissitudes que nos aparecem à frente sem qualquer aviso. 

Quando deixamos de coordenar a ligação entre o pensamento e as palavras,  quando não coseguimos dizer como nos chamamos,  e até temos duvidas sobre o assunto, a coisa é tudo menos simples.

Foi o que me aconteceu durante umas horas, diagnóstico depois de bateladas de exames ; encefalite viral!

Porquê? De onde veio isto? Causas? Consequências? Vamos ver se é algo que venha a ficar esclarecido. 

Entretanto vou estando hospedada neste "hotel ", onde equipas de enfermeiros e auxiliares dão o litro no tratamento destes hóspedes, alguns mais dependentes do que outros, mas com uma paciência e carinho dignos de louvor.

P.S Acabei de receber a visita do jovem médico que segue o meu caso, e parece que existe a possibilidade de uma alta mais logo. Que não mudem de ideias, por favor!

Junho 15, 2021

imsilva

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Hoje sinto-me triste. Porque a vida também tem disto.

E partilho este sentimento porque sei que sou só mais uma dentro deste tormento.

Ontem, pela primeira vez, saí de palco.

A ansiedade é real.
Cada vez mais real.
Os mais fracos (fortes) pedem ajuda e os mais fortes (fracos) vivem na premissa de que "eu consigo".
Ás vezes tentamos falar com alguém, mas recolhemo-nos por sentirmos que não somos entendidos.

Vivemos inúmeros momentos em que sentimos que atrás de nós está um leão, ou que temos um maluco ao nosso lado a apontar uma pistola direitinha ao nosso crânio. E o nosso coração trabalha a fundo com tudo o que tem. E de que estamos nós a fugir?
Quando explicamos isto, acham que é um grande exagero e que queremos atenção.
Exigimos de nós mesmos cada vez mais, não permitimos que nos vejam como falhados. Deixamos de desfrutar o momento, os momentos, muitos.

Vivo com isto há 10 anos, tenho ataques de ansiedade porque começo a pensar que posso vir a ter um ataque de ansiedade... 🤔 Lupo, feedback, estupidez. Podemos chamar-lhe o que quisermos. Mas é real.

A história bonita é que consegui voltar a entrar em palco, porque tenho gente bonita à minha volta.

O que podemos fazer uns pelos outros? Mais amor? Mais atenção? Mais tempo.

Agosto 21, 2020

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E aqui estamos, no admirável mundo novo, no ponto nunca imaginado.

Máscara no rosto, sorriso escondido, incógnito, e olhar estupefacto a interrogar o mundo.

Agora somos todos iguais, com o mesmo medo, ou quase, já nos cuidados, não tanto, e os hábitos em mutação e a enraizarem-se rápidamente.

As crianças habituadas é a parte gira. Viva as máscaras! Bendita a ignorância que serve para brincar aos heróis com liberdade.

O novo aroma a alcool gel entranhado nas narinas, e nos poros de todo o corpo.  Alcool diferente daquele que destilavamos na minha juventude.

Entretanto vamos habituando-nos à distância física, aos não cumprimentos, a uma certa frialdade que em nada condiz com a nossa condição de latinos. 

O isolamento vai cercando pessoas que não o merecem, e que pode ser o despoletar de doenças e males que poderiam ser evitados.

Mas o mundo pula e avança, aceitamos e vamos por lá, por onde nos dizem que devemos ir, e como sempre, adaptamo-nos.

Somos mesmo boa gente.

 

 

Agosto 11, 2020

imsilva

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Há coisas que mesmo sabendo por outros, só quando nos tocam à porta é que entendemos realmente.

O meu pai não tem andado bem, cansaço e falta de ar. Há duas semanas esteve nas urgências, levou oxigênio, trouxe uma bombinha para casa e patati-patata.

Tem consulta em Pneumologia que entretanto foi adiada e ainda não remarcaram, e está à espera que em Sta. Maria o chamem para fazer exames em Cardiologia há meses.

Médico de família só lá para fim do mês e será por telefone (85 anos, queixas físicas e será "visto" por telefone). E o particular também com demora.  

A provável solução seria enfiá-lo numa ambulância e espetá-lo numas urgências de um hospital...só que não queremos fazer isso, seria mais ou menos como o levar para o matadouro.

E entretanto sentimo-nos de mãos atadas porque não achamos lógico ele continuar assim, sem um apoio médico imediato, que seria no mínimo, o médico de família o observar e dar indicações do que fazer a seguir.

Admiram-se de haver muito mais gente a morrer, sem ser de covid, do que seria suposto. EU NÃO!!!

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