Desafio "Arte e inspiração" 2.0 #3
Fado na Mouraria
Setembro 28, 2022
imsilva
O fado - José Malhoa
Dizem que se chamavam Amâncio e Adelaide da Facada.
E que podemos nós deduzir desta imagem? Que poderemos nós criar com esta imagem?
A vida boémia na Lisboa do inicio do séc. XX. O desregramento consentido no vinho e na moral duma época em que uma Mouraria representava homens e mulheres de um país em aprendizagem.
Provavelmente, Amâncio afogava as suas mágoas no fado vadio, no nectar que ajudava a finalizar o dia de (suposto) trabalho, deixando em casa mulher e uma trupe de filhos com que não sabia o que fazer. Felizmente a sua Maria dava conta do recado, melhor mesmo estar fora do caminho.
E a Adelaide da Facada, que me diz esta mulher? Alguém que despudoradamente tentava não ser de ninguém, de sítio algum a que não quisesse pertencer. Adelaide, após ter aprendido pela pior maneira que não é fácil ser feliz, optou pela felicidade gratuita e imediata que não a deixa pensar demasiado em algo para além disso.
E assim, entre um cigarro, uma guitarra que chora, os versos que contam amores, um copo que ajuda ao bem estar, e a companhia de quem os entende, correm as horas que libertam a saudade, os sonhos e as ambições há muito perdidas.
Participação no desafio da Fátima Bento