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pessoas e coisas da vida

pessoas e coisas da vida

Fevereiro 12, 2025

imsilva

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AUTO-RETRATO (Maria Teresa Horta)
Eu sou outra em mim mesma
e sou aquela
Sou esta
dançando sobre as lágrimas
Sou o gozo
no gosto de ser espelho
e me faz multiplicar em todo o lado
Eu sou múltipla
veneno em minha veia
Estrangeira
rasgando o seu passado
Sou cruel
dúplice e sedenta
mil vezes morri no desamparo
Eu sou esta que nego
e a outra onde me afirmo
faço nela e naquela o meu retrato
E se na história desta me confirmo
na vida da outra não me traio
Feita de ambas à beira do abismo
sou a mesma mulher nascida em Maio

Julho 10, 2024

imsilva

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No dia em que as letras fugiram foi um alvoroço naquela casa. Os "As" foram para um lado, os "Is" para outro, os "Rs Js e Ms saltaram da janela, e tantos outros por todos os cantos, armários, até dentro de chávenas se esconderam. Marta ficou em pânico, nunca pensara que ao abrir o livro letras escapassem como quem escapa de um poço sem fundo. Sem saber o que fazer, olhou com tristeza para o livro que ficara com as folhas em branco e tentou pensar em algo que resolvesse a situação, porque ainda não tinha acabado a sua leitura, e agora parecia difícil fazê-lo.

Dentro da estupefacção que sentia, puxou pela cabeça e tentou pensar numa solução.

Já estando a ficar desesperada, uma ideia surgiu! E se escrevesse as letras no livro? Começaria com calma pelas letras básicas, e quem sabe se isso não chamaria as fugitivas a voltar ao seu lugar?

Muito concentrada começou afincadamente com um A, a seguir com o E, e a pouco e pouco sentiu as letras desertoras a espreitar do seu esconderijo. As que tinham saído pela janela, voltaram devagarinho como quem não quer a coisa, e quando deu por isso o livro foi ficando preenchido com cada uma das letras no seu devido lugar. 

Marta com um sorriso de felicidade no rosto, fechou devagar o livro e quando pensou em ler o que faltava da história, teve medo de uma nova fuga e ficou sem saber a continuação...

Abril 24, 2024

imsilva

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Escrever

Vontade de escrever, obrigação de escrever, necessidade de escrever, talvez escrever, seja suficiente e quem gosta de escrever vai-me entender.

Há algo na preparação da escrita, encontrar o espaço, escolher a maneira de o fazer, seja em papel ou em teclas, que nos faz antecipar o prazer do resultado, a expectativa da harmonia de palavras e frases que nos prolongam, nos complementam, traduzem desejos, ideias, que dão azo à imaginação que guardamos cientemente e que no texto podemos lançar ao mundo.

Não é preciso ter o talento de um escritor, só precisamos de vontade e gosto em juntar as letras do abecedário e exprimirmos gostos, sensações, ideias mais ou menos arrumadas e depois sabermos que um pouco de nós ali ficou.

Se a ideia não é publicar um livro, isto será suficiente para aumentarmos um pouco a nossa felicidade. 

Abril 10, 2024

imsilva

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 Maria Saraiva de Menezes  escreveu uma história por dia, durante três anos.  Aqui se encontram 1095 histórias de emoções, sentimentos, vivencias que poderiam ser de qualquer um de nós. Com mestria, inteligência  e sensibilidade, retratou a vida e contou a maravilhosa diversidade humana que existe. Para mim, que estou na leitura deste livro, com calma e parcimônia, para ser absorvido e apreendido como ele merece, só posso dizer que vale muitíssimo a pena.

Este post deveria estar na sua casa livrosecoisasdavida.blogs.sapo.pt, mas como este tem poucas visitas, achei por bem publicar neste blog para mais divulgação, porque merece que mais pessoas saibam da sua existência.

                                                                   

Firmino tinha o hábito de escrever cartas a si próprio para não se sentir tão sózinho. Costumava começar por cumprimentar, amavelmente, perguntando sempre pela família. Depois, contava as novidades a si próprio, que ele já sabia, mas fingia desconhecer, por educação. Terminava a carta despedindo-se elegantemente e pedindo para escrever de volta. E acrescentava: P.S: Queira fazer o obséquio de aceitar esta carta a pagar os portes no destinatário.

Que tal?

Março 21, 2024

imsilva

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PARA ESCREVER O POEMA

O poeta quer escrever sobre um pássaro:
e o pássaro foge-lhe do verso.
O poeta quer escrever sobre a maçã:
e a maçã cai-lhe do ramo onde a pousou.
O poeta quer escrever sobre uma flor:
e a flor murcha no jarro da estrofe.
Então, o poeta faz uma gaiola de palavras
para o pássaro não fugir.
Então, o poeta chama pela serpente
para que ela convença Eva a morder a maçã.
Então, o poeta põe água na estrofe
para que a flor não murche.
Mas um pássaro não canta
quando o fecham na gaiola.
A serpente não sai da terra
porque Eva tem medo de serpentes.
E a água que devia manter viva a flor
escorre por entre os versos.
E quando o poeta pousou a caneta,
o pássaro começou a voar,
Eva correu por entre as macieiras
e todas as flores nasceram da terra.
O poeta voltou a pegar na caneta,
escreveu o que tinha visto,
e o poema ficou feito.

Nuno Júdice

Fevereiro 28, 2024

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POEMA - A procura

Cora Coralina

"Andei pelos caminhos da Vida.
Caminhei pelas ruas do Destino –
Procurando meu signo.
Bati na porta da Fortuna,
Mandou dizer que não estava.
Bati na porta da Fama,
Falou que não podia atender.
Procurei a casa da Felicidade,
A vizinha da frente me informou
Que ela tinha se mudado
Sem deixar novo endereço.
Procurei a morada da Fortaleza.
Ela me fez entrar: deu-me veste nova,
Perfumou-me os cabelos,
Fez-me beber de seu vinho.
Acertei o meu caminho."

 

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