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pessoas e coisas da vida

pessoas e coisas da vida

Fevereiro 10, 2023

imsilva

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"De nome Mário, o avô desta história colhe laranjas e lê poesia. Fora carteiro e marinheiro. O neto descreve-o assim: " O meu avô era muito grande e muito alto. Tinha braços tão longos que um dia lhe perguntei se poderiam dar a volta ao mundo".
Respondia a tudo o que o neto lhe perguntava, exceto no dia em que em que evitou dizer-lhe o que tinha feito em África.: " A esta pergunta o meu avô não respondeu logo. Guardou devagar o mapa entre as páginas de um livro. Olhava para mim, ainda mais sério que do que o costume, quando me disse que em África não tinham feito nada de bom. "
Com o avançar do tempo, o menino crescia e o avô parecia encolher.
"Antigamente, o cadeirão não tinha espaço para tanto avô, mas agora parecia engoli-lo quase por inteiro."
Disse-me que todos os avós são minguantes porque todos os netos são crescentes e é nesse cruzamento que se encontram tão bem."

Daniela Leitão. O avô minguante. Ilustração Cristina Silva. Edição Planeta de Livros Portugal para Pingo Doce.

In. Guia Crianças blogues.publico.pt/letrapequena

Janeiro 27, 2023

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mãe, tenho pena. esperei sempre que entendesses
as palavras que nunca disse e os gestos que nunca fiz.
sei hoje que apenas esperei, mãe, e esperar não é suficiente.
pelas palavras que nunca disse, pelos gestos que me pediste
tanto e eu nunca fui capaz de fazer, quero pedir-te
desculpa, mãe, e sei que pedir desculpa não é suficiente.
às vezes, quero dizer-te tantas coisas que não consigo,
a fotografia em que estou ao teu colo é a fotografia
mais bonita que tenho, gosto de quando estás feliz.
lê isto: mãe, amo-te.
(...)
José Luís Peixoto, em "A Casa, a Escuridão"
ilustação de Lisa Aisato

Janeiro 18, 2023

imsilva

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Como são bonitas as mulheres que foram bonitas e nas quais a beleza reaparece, de súbito, num gesto, num olhar, num movimento da boca, em qualquer coisa difícil de definir que me atrai e enternece e onde a morte, de tão presente, dá ideia de se tornar a combustão de vida de um foguete de lágrimas. Mora a dois prédios, sobe a rua com dificuldade conquistando cada metro, de pernas difíceis, de vez em quando encosta-se à parede, recupera os pulmões, continua. O baton sobeja-lhe da boca, a pintura dos olhos desmorona-se mas mantém o orgulho de navio à vela e o perfume permanece a flutuar que tempos depois da sua partida.
Perguntei
— Dá-me licença que lhe diga que é bonita?
e respondeu com um sorriso de lamparina de azeite a tremer no baton, esses sorrisos dos pavios dos santos que ameaçam extinguir-se quando o guarda-vento da igreja se abre e ficam a tremer, coitados, antes de se desfazerem num fuminho.

António Lobo Antunes, in 'Quarto Livro de Crónicas'

 

Janeiro 13, 2023

imsilva

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É com orgulho e muito prazer que aqui deixo os nossos Contos de Natal de 2022.

Magníficos, maravilhosos, cheios de emoções, sentimentos, memórias e criatividade. 

Obrigada por estes belos momentos de leitura que me proporcionaram, e que se ainda não usufruíram, espero que o façam agora.

Se faltar algum, digam e reclamem. Tentei estar atenta, mas, quem sabe se não me distraí e perdi algum!

Se tiverem um conto escondido e bem guardado numa gaveta ou debaixo da cama, não se acanhem, ainda vem a tempo.

Com este frio, aconcheguem-se à lareira ou com aquela manta fofinha e entretenham-se, porque afinal "o Natal é quando o homem quiser"

 

ATPG - O meu conto de Natal - quase um mini romance

ATPG - Carta do pai Natal ao menino Jesus

Vibarao - O pastorinho de Natal

Manu - Um Natal diferente

Zé Onofre - Carta do Menino Jesus às crianças

José da Xã - O avô Natal

José da Xã - Ernesto

José da Xã - Reencontro com o Natal

José da Xã - Um Natal rico de pobres

Marta-o meu canto - conto de Natal A rena Toutou

MJP - Um Natal mágico, do virtual para o real

Folhas de Luar - O boneco de neve

Folhas de Luar- O menino - Poema de Natal

Folhas de Luar- O Natal - Conto de Natal

Célia - Desejos de Natal

Zé Onofre - Dia de hoje 80

Isabel Silva - O Natal é amor

Isabel Silva - Espírito de Natal

Isabel Silva - Passado e presente

Olga C. Pinto - Um ramo de azevinho

Maria Araújo - Uma surpresa de Natal

Vagueando - Depois daquele abraço

Ana D. - Christmas blues - Um conto de Natal

Maria Pinto - Acreditarei em milagres?

Maribel Maia - Uma epifania de Natal

Ana D. - Casei com o Pai Natal

Isa Nascimento- A árvore de Natal

Isa Nascimento - Para mim...

Histórias à beira Rio- O pai Natal sentado

Leite Pereira - Filhos de um Natal Menor

Milorde - Conto de Natal em memória da minha avó.

Cúmplice do tempo - O Natal da saudade

Aurora Madaleno - Sonho de Natal

Merlo - O Marco no Natal

José Costa - Presente de Natal

Nala - Uma árvore de Natal mágica

bii yue - Tradição prometida

Cristina Aveiro - O calor do Natal

Margarida Mascarenhas - Um instante de Natal

José da Xã - A prenda de Natal

 

Boas leituras!!! 

Janeiro 09, 2023

imsilva

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Tenho uma espécie de dever de sonhar sempre, pois, não sendo mais, nem querendo ser mais, que um espectador de mim mesmo, tenho que ter o melhor espetáculo que posso.

Assim me construo a ouro e sedas, em salas supostas, palco falso, cenário antigo, sonho criado entre jogos de luzes brandas e músicas invisíveis.

— Bernardo Soares ✍️ PESSOA, Fernando - Livro do Desassossego, por Bernardo Soares.

🎨 Artista Victor Nizovtsev

 

Passado e presente

Mini-conto

Janeiro 04, 2023

imsilva

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Enroscou-se no sofá, o mais perto da lareira possível. As festas estavam a acabar e ela sentia-se contente com o facto.

Teimosamente, enfeitara a casa quase como antigamente. Queria tentar não perder o espírito, mas, estava difícil. Gostava do verde, do vermelho e dos brancos flocos de neve que representavam o Natal, mas perguntava-se a si própria se teria a coragem de o fazer novamente no próximo ano. 

Quando é que tinha começado a sentir que já pouco sentido fazia? Quando a grande família começou a ficar mais pequena? Quando o seu próprio núcleo familiar se afastou por força das circunstâncias?

Lembrava-se de Natais passados com um baque no coração. Os filhos em casa entusiasmados com os mais pequenos pormenores, o marido que a reboque deles, até vestia camisolas com renas, e ela própria, vivia aqueles dias com um sorriso permanente no rosto.

Mas, o tempo passa. Os filhos procuram o seu caminho, o seu mundo, que por vezes fica a muitos quilómetros de distância, e a idade destrói células e faculdades por vezes cedo demais, aos que ficam ao nosso lado.

Assim era a sua vida agora. Os filhos longe e o seu marido, o companheiro de tantas alegrias e arrelias, já não lhe fazia a companhia a que se habituara. Era alguém que ela não reconhecia, mas que tinha as feições dele, da pessoa que tanto lhe dera, que tanto a incentivara e ajudara a crescer como ser humano ao longo dos anos.

O relógio fazia o tic-tac próprio, sem grandes alaridos, só o suficiente para não esquecermos que o tempo corre sem contemplações.

Olhou à sua volta, amanhã tiraria as caixas dos enfeites da arrecadação e cuidadosamente os arrumaria, como sempre tinha feito, mas hoje, surpreendentemente, gostou do que viu. Sentiu-se confortável e a relaxar. Tentou agarrar esse momento, já eram tão poucos...

Pegou no livro que repousava na pequena mesa de apoio, abriu-o e começou a ler na página onde o tinha deixado há duas noites. Sentiu alguma dificuldade em se concentrar ao princípio, mas ao fim de alguns minutos em que sentia a mente a fugir para outros sítios, conseguiu embrenhar-se na sua leitura e aí pode usufruir de um serão noutro mundo, noutras paragens, noutras vidas, onde ela não estava.

 

Os nossos contos de Natal - 2022

O 4° ano de desafio natalício

Dezembro 12, 2022

imsilva

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Lembram-se como se faz?

Pega-se num lápis, numa esferográfica, numa caneta de tinta permanente, num pincel ou num pedaço de giz, e escrevem-se palavras numa folha de papel ou onde muito bem entenderem, formando assim palavras e frases que contem uma história natalícia.

Fácil, não é?

Independentemente do que aconteceu às histórias dos anos anteriores, a edição em livro, sabem que o que me motiva a ser chata todos os anos quando vos peço que escrevam estes contos, é o gozo de ler o que cada um tem para contar, imaginar, recriar, enfim, a criatividade que sai dos vossos escritos.

Portanto, vamos ao trabalho, lápis afiados, resmas de papel a postos, carga de computador cheia e vamos escrever como se não houvesse amanhã. As regras são as de sempre, escrevam o nº de palavras que quiserem, publiquem quando quiserem, desde que seja neste mês de Dezembro que agora vai começar (sim, não é o do ano que vem). Façam o link para o meu blog e com a tag "o meu conto de natal".

Sem mais me despeço, desejando a todos uma óptima escrita neste novo (velho) desafio.

 

Aqui estão os novos Contos de Natal:

ATPG - O meu conto de Natal - quase um mini romance

ATPG - Carta do pai Natal ao menino Jesus

Vibarao - O pastorinho de Natal

Manu - Um Natal diferente

Zé Onofre - Carta do Menino Jesus às criancas

José da Xã - O avô Natal

José da Xã - Ernesto

José da Xã - Reencontro com o Natal

José da Xã - Um Natal rico de pobres

Marta-o meu canto - conto de Natal A rena Toutou

MJP - Um Natal mágico, do virtual para o real

Folhas de Luar - O boneco de neve

Folhas de Luar- O menino - Poema de Natal

Folhas de Luar- O Natal - Conto de Natal

Célia - Desejos de Natal

Zé Onofre - Dia de hoje 80

Isabel Silva - O Natal é amor

Isabel Silva - Espírito de Natal

Isabel Silva - Passado e presente

Olga C. Pinto - Um ramo de azevinho

Maria Araújo - Uma surpresa de Natal

Vagueando - Depois daquele abraço

Ana D. - Christmas blues - Um conto de Natal

Maria Pinto - Acreditarei em milagres?

Maribel Maia - Uma epifania de Natal

Ana D. - Casei com o Pai Natal

Isa Nascimento- A árvore de Natal

Isa Nascimento - Para mim...

Histórias à beira Rio- O pai Natal sentado

Leite Pereira - Filhos de um Natal Menor

Milorde - Conto de Natal em memória da minha avó.

Cúmplice do tempo - O Natal da saudade

Aurora Madaleno - Sonho de Natal

Merlo - O Marco no Natal

José Costa - Presente de Natal

Nala - Uma árvore de Natal mágica

bii yue - Tradição prometida

Cristina Aveiro - O calor do Natal

Margarida Mascarenhas - Um instante de Natal

 

 

 

Dezembro 07, 2022

imsilva

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NATAL

Solstício de inverno.
Aqui estou novamente a festejá-lo
À fogueira dos meus antepassados
Das cavernas.
Neva-me na lembrança,
E sonho a primavera
Florida nos sentidos.
Consciente da fera
Que nesses tempos idos
Também era,
Imagino um segundo nascimento
Sobrenatural
Da minha humanidade.
Na humildade
Dum presépio ideal,
Emblematizo essa virtualidade.
E chamo-lhe Natal.

Diário XIV

Dezembro 05, 2022

imsilva

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Isto é a imagem de um excelente Natal que vivemos no dia 3 de Dezembro de 2022. Uma "Celebração da escrita a várias mãos" como nos diz a capa.

Um dia, que sem dúvida, ficará na memória pessoal e colectiva destes 10 bloguistas, que fizeram o possível para este encontro acontecer.

Um dia em que se trocaram, palavras, gestos de amizade e até prendas inesperadas que nos fizeram sentir em plena Lapónia. 

Um dia em que os protagonistas foram, os nossos livros e as pessoas dos nossos contos, amizades novinhas em folha apesar de já poderem ser consideradas velhas conhecidas.

E como nos diz a contra-capa, do prefácio, amavelmente escrito pelo João- Afonso Machado  "...o Natal é tempo de Paz e de Família. É um quente momento no frio que nos chama aos nossos."

Um dia que encheu os corações de quem esteve presente.

Obrigada a quem esteve, e a quem à distância nos enviou os seus bons pensamentos e energia. Voltaremos a repetir, quem sabe com quem mais...

 

 

Dezembro 02, 2022

imsilva

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Caros leitores, estas são as previsões para o dia de amanhã, 3 de Dezembro de 2022.

Logo pela manhã, hipóteses de saudável convívio entre seres pertencentes a um blog de sapianos.

Às 11,00 horas, sol numa conversa sobre livro de contos de natal numa biblioteca cheia de boas energias.

Por volta do meio do dia, reunião à volta de acepipes e coisas para compensar o desgaste emocional da conversa, referida anteriormente.

Prevê-se, mais tarde, água nos olhos de pessoas, numa triste despedida de convivas que chorando se despedem até uma próxima oportunidade, rezando para que não seja muito demorada.

E assim, caros leitores, finalizo as previsões para o dia 3 de Dezembro de 2022. Tenham um bom fim de semana.

 

 

Livro dos contos de natal do Blog

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