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pessoas e coisas da vida

pessoas e coisas da vida

A dor que ensina

52 Semanas de 2022 / Semana 40

Outubro 04, 2022

imsilva

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A lição que me ensinou qual é a força que nos move, tive-a há 5 meses, com a morte da minha mãe.

Algo que sabemos que acontece, vemos acontecer aos outros, mas não esperamos que nos aconteça a nós.

E quando nos acontece, descobri-mo-nos muito mais fortes do que nos imaginávamos. Porque há mais alguém que precisa da nossa força e nós fortalece-mo-nos para eles, ao mesmo tempo que nos descobrimos num âmbito que desconhecíamos. Isto até nos sentirmos seguros para ir abaixo e deixarmos a alma chorar.

É, e será sempre uma grande dor, mas a força que passamos a ter move montanhas. Não me lembro de alguma vez ter tido uma lição que me ensinasse tanto, nem os anos de pandemia, apesar de bastante complicados.

 

 

Participação no desafio da Ana de Deus

Setembro 09, 2022

imsilva

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Mãe

Guardamos as tuas coisas, os teus brincos, os teus colares, os teus terços, as tuas malas...

Guardamos as tuas roupas que sofregamente aproximamos da cara na tentativa de sentir-te só mais uma vez.

Guardamos os teus rolos do cabelo que tantas recordações nos deixaram aos longo dos anos, religiosamente enrolados à volta das belas madeixas brancas que enfeitavam a tua cabeça.

Guardamos os teus óculos, que te deixavam tão parecida com a que chamávamos a tua irmã gémea, a rainha Isabel II. Imagina que morreu ontem, tinha de ser no mesmo ano que tu.

Mãe, guardei o teu frasco de perfume. Está ali, ao pé de mim, e de vez em quando destapo-o e sinto que entraste na minha casa. Está pertinho do teu menino Jesus, benzido pelo padre a teu pedido, assim que to ofereci.

Como vamos fazer com as gavetas vazias, com os armários sem o teu cheiro, com os cortinados que já não precisam de ser corridos?

Como vamos fazer com os teus pratos, as tuas travessas e terrinas, com os teus copos que davam para 10 mesas de 100 pessoas cada uma?

Mãe, desculpa, mandamos fora as tuas taças plásticas com tampa, onde punhas o arroz doce acabado de fazer, para te certificares que não havia perigo de derrame quando levássemos alguns para casa.

Como vamos fazer com o homem que cá ficou, perdido, mas inteiro, com a coragem de um guerreiro. O homem que aprendeu a viver sozinho sem ter com quem ralhar e discutir o episódio da novela das 18,30?

Mãe, como fazemos com o buraquinho que ficou nos nossos corações depois da tua partida?

Mãe, olhas por nós?

Julho 29, 2022

imsilva

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E sem ti, mãe, continuamos a caminhar

Sempre à espera de te encontrar

ao virar de uma esquina, ou sentada a costurar

mas, estupidamente tu não estás

e nós continuamos a caminhar

e a perguntar; onde estás?

Falta-nos um pedaço, estamos incompletos

mas seguimos com um sorriso

precisamos de sorrir e assim

dar forças a quem as não tem

São três meses de estupefacção

de dúvidas e incertezas

de dor e tristeza

de uma tristeza serena 

que absurdamente se apoderou 

das almas e dos corações 

de quem te amou, de quem te ama

de quem te recorda, hoje e sempre!

 

Uma carta para alguém

52 semanas de 2022 - Tema 19

Maio 13, 2022

imsilva

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Nesta altura da minha vida, só poderia escrever uma carta para um "alguém".

 

Mãe

Escrevo-te esta carta para ver se me esclareces algumas coisas.

Onde andas, que não te vejo há alguns dias? Passei pelo cemitério e estava lá um sítio cheio de coroas de flores com uma placazinha com o teu nome e a tua fotografia, como é que aquilo foi lá parar? Não é só para as pessoas que morreram? Então, não entendo. Ainda fui à procura de algum responsável por isso, mas não encontrei ninguém. Continuei confusa.

Fui às compras e comprei o champô que tu gostas e as maças que pedes sempre, já lá estão em casa, onde o pai está sozinho porque tu te lembraste de ir passear. 

Volta depressa, estamos todos com saudades tuas, os teus netos também perguntam por ti.

Ah! A tua filha mais velha manda-te um teteréré, e um mando-te um beijinho daqueles repenicados como só nós sabemos dar.

 Isabel.

 

Os desafios da abelha

 

                                                                                

Os meus últimos dias

52 semanas de 2022 / tema 18 Escreve sobre o teu dia

Maio 04, 2022

imsilva

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Andei desaparecida.

Passei por cá no dia da mãe, e deixei testemunho da nossa falta.

Hoje aproveitando o desafio da nossa Abelhinha Ana, vou escrever sobre os meus últimos dias, provavelmente não serão descrições maravilhosas de coisas boas mas serão testemunhos do que nos acontece por lei de vida e por muito que nos custe.

Entre o saber que íamos perder a nossa mãe e o perde-la vai um longo passo. Conseguimos enganar-nos a nós próprios, fingindo que é falso alarme e que não irá acontecer, pobres parvos.

Nestes dias passamos da dor ao ânimo constantemente. O meu pai precisa de nos ver inteiros, e não podemos defraudá-lo. Fomos (somos)uma família de ciganos, a casa esteve sempre cheia, almoços e jantares sempre com alguém a aparecer, mas como éramos sempre muitos, quando alguém aparecia a mais, nunca havia problema porque era só ir buscar mais um prato.

Talvez por não termos tido muito tempo para estarmos sozinhos, nestes últimos dias temos sentido algo a partir-se cá dentro cada vez que percebemos que não tornaremos a vê-la. Ontem passei pelo cemitério sozinha e ralhei com ela, perguntei-lhe o que estava a fazer ali, aquilo não era o seu sítio, o seu lugar era lá em casa, a receber-nos com o seu sorriso e a dizer - então filha?

Acordo a pensar nela, adormeço a pensar nela, e nela penso em todas as outras horas do dia. Assim têm sido os meus dias, dias em que me imagino dentro de um sonho mau do qual vou acordar em qualquer momento, até ao dia em que vou de nariz ao chão e aí talvez com a dor perceba que não estou a sonhar mas a viver uma triste realidade.

 

O caminho sem ti

Um dia da mãe agridoce

Maio 01, 2022

imsilva

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Está lá, o caminho, mas está escuro porque tu não estás.

Mas nós vamos continuar a caminhar, só que sem ti.

Vamos com certeza encontrar mais pedras no caminho,

vamos sentir falta do cheiro das flores,

e vamos continuar a caminhar, só que sem ti.

A paisagem mudou, falta-lhe um arco-iris

só a noite ficou mais bonita

há no firmamento uma estrela que brilha muito mais

e nós com um sorriso, olhamos para ela, só que sem ti,

porque é lá que estás tu, mãe.

 

Fernanda  18/9/1935 - 29/4/2022

Março 07, 2019

imsilva

Estava aqui na dúvida se devia escrever este post, e pensei , toda a gente opina fortemente sobre o assunto que está na ordem do dia, e eu consigo vê-lo de outra perspectiva. Estamos com imagens de mulheres maltratadas por tudo quanto é sítio, mas será que aquelas que realmente estão com nódoas negras acham que isso faz alguma coisa por elas? Acreditam que falar disto noite e dia, criar dias de luto e pôr fotografias a fingir à direita e à esquerda, vai fazer com que alguém deixe de maltratar quem entende? Essas pessoas (sejam homens ou mulheres) vão continuar a fazer as coisas à sua maneira. Não creio ser dona da solução para resolver o problema, mas, creio que alertar , apoiar, ajudar quem possa sofrer este género de tratamentos ( sejam físicos ou psicológicos) faz muito mais sentido. Estarmos mais alertas para com as pessoas que nos rodeiam, ou que passam pela nossa vida, faz muito mais sentido. Estas pessoas têm família, amigos, vizinhos, vamos estar mais atentos, agir quando necessário,denunciar quando necessário, gritar quando necessário e dar com uma cadeira nos costados de alguém se necessário. Vamos ajudar as vítimas a enfrentar o problema, às vezes uma palavra de alguém que se preocupa pode fazer milagres. Não sei se será a solução, mas talvez seja mais efectivo do que o festival que para aí vai.

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