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pessoas e coisas da vida

pessoas e coisas da vida

Calma e serenidade

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Novembro 22, 2024

imsilva

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A calma e a serenidade reinavam. A paisagem trazia com ela um suspiro de resignação e aceitação. Algumas lágrimas escondidas, viviam apesar de tudo. As contrariedades não deixavam de ser reais, não deixavam de ser pecados de quem não queria saber, de quem não sabia chorar. O desrespeito era avassalador, mas como tudo o que girava na elipse estelar, o positivo e o negativo, o ar e a terra, o fogo e a água, o preto e o branco, degladiavam-se teimosamente com armas pueris e degradantes, sem olhar em frente, sem olhar para trás, como se os cinco sentidos não se fizessem sentir.  Inocentemente, a calma e a serenidade reinavam.

O mundo...

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Julho 28, 2023

imsilva

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À luz mortiça de um candeeiro, olhei para o mundo, e chorei

Vi escuridão, ódio, inveja, fome, ingratidão, desesperança

Vi olhos sem vida, sem brilho, sem amor

Vi corações a sangrar, em sofrimento

E vi um menino a correr com uma flor na mão

Ele não sabia que não era normal andar com uma flor

Ele não sabia, mas a sua inocência deu cor e beleza ao mundo

Um rasto de azuis, verdes e amarelos, ficava no caminho que ele pisava

Raios de sol surgiram, rasgando o cinzento do céu

E houve olhos que se iluminaram, e outros que viram por primeira vez

E houve esperança para o mundo...e eu sorri

 

 

Novembro 04, 2022

imsilva

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JOSÉ LUÍS OUTONO, in ENREDOS & OUTROS MARES (Ed. Esgotadas, 2021)

PREOCUPADO

Preocupado com tanto, que não entendo porquê.
Humanos, que não são humanos,
atitudes que são sinónimo de irresponsabilidades,
e o mundo cai.
Não chega este viver pandémico,
e o fogo também crepita.
As razões naturais são mínimas,
a vigilância antecipada ronda o nulo,
e tudo acontece.
Preocupado.
Gostaria tanto de ver, sentir, e saudar
o único calor da felicidade humana
mas até ele, o Sol pergunta porquê,
e está preocupado!
Até quando pergunta o lado da razão?
Deixa-te de histórias diz o lado oposto,
gritando que liberdade é um grito sem limites,
sempre que amanhece!

 

 

Outubro 30, 2020

imsilva

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Juntavamo-nos na nossa casa, alguns eram familiares, outros simplesmente amigos.

Grandes noitadas de roda das cartas, dos amendoins, de um copo de cerveja ou de um cálice de Porto.

Era uma miríade de jogos, mas o que dava mais gozo, era a "lerpa".

A minha irmã era a maluca que se mandava de cabeça, o meu primo o inocente que perdia sempre, a minha mãe a que fazia todos recuar quando dizia que ia a jogo, porque ficávamos logo a saber que tinha o às. E os amigos deliravam com todas as características envolvidas. De vez em quando ainda falam daquelas noites.

Ao relembrar essas noitadas sinto uma dorzinha na alma, ao pensar que hoje já não seria assim. Hoje não podemos reunir-nos, tocarmos todos nas mesmas cartas, gargalharmos nas caras uns dos outros.

Em que é que o ser humano vai-se transformar depois de tudo isto passar? Seremos capazes de conviver como fazíamos antes? Estará a morrer a espontaneidade com que se dava um abraço ou um beijo a um amigo?

Medo, muito medo, do mundo em que os meus netos vão crescer.

Medo, muito medo, do mundo em que vamos viver daqui para a frente. 

 

Este texto tem o patrocínio da Mula e da Mel

Agosto 21, 2020

imsilva

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E aqui estamos, no admirável mundo novo, no ponto nunca imaginado.

Máscara no rosto, sorriso escondido, incógnito, e olhar estupefacto a interrogar o mundo.

Agora somos todos iguais, com o mesmo medo, ou quase, já nos cuidados, não tanto, e os hábitos em mutação e a enraizarem-se rápidamente.

As crianças habituadas é a parte gira. Viva as máscaras! Bendita a ignorância que serve para brincar aos heróis com liberdade.

O novo aroma a alcool gel entranhado nas narinas, e nos poros de todo o corpo.  Alcool diferente daquele que destilavamos na minha juventude.

Entretanto vamos habituando-nos à distância física, aos não cumprimentos, a uma certa frialdade que em nada condiz com a nossa condição de latinos. 

O isolamento vai cercando pessoas que não o merecem, e que pode ser o despoletar de doenças e males que poderiam ser evitados.

Mas o mundo pula e avança, aceitamos e vamos por lá, por onde nos dizem que devemos ir, e como sempre, adaptamo-nos.

Somos mesmo boa gente.

 

 

Março 17, 2020

imsilva

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A minha filha faz hoje anos, vive a 1 km. da minha casa, e tenho que lhe dar os parabéns pelo telefone???

Em casa dos meus pais, que felizmente após um conturbado fim de 2019, já se encontram em condições de estar sozinhos, vou lá só quando muito necessário, sempre com medo de os encontrar caídos com a cabeça partida, e cacos de louça pelo chão. Isto, porque ao fim de 65 anos de casados, e hábitos antigos de implicarem um com o outro, não sei como vão conseguir estar em isolamento, os dois sozinhos, 24 horas por dia.

Há uma frase conhecida, "Parem o mundo que eu quero descer"  Eu estou a ver o mundo a parar, só não sei como descer. A maneira que me surge, não será a mais desejável.

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