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pessoas e coisas da vida

pessoas e coisas da vida

Passado e presente

Mini-conto

Janeiro 04, 2023

imsilva

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Enroscou-se no sofá, o mais perto da lareira possível. As festas estavam a acabar e ela sentia-se contente com o facto.

Teimosamente, enfeitara a casa quase como antigamente. Queria tentar não perder o espírito, mas, estava difícil. Gostava do verde, do vermelho e dos brancos flocos de neve que representavam o Natal, mas perguntava-se a si própria se teria a coragem de o fazer novamente no próximo ano. 

Quando é que tinha começado a sentir que já pouco sentido fazia? Quando a grande família começou a ficar mais pequena? Quando o seu próprio núcleo familiar se afastou por força das circunstâncias?

Lembrava-se de Natais passados com um baque no coração. Os filhos em casa entusiasmados com os mais pequenos pormenores, o marido que a reboque deles, até vestia camisolas com renas, e ela própria, vivia aqueles dias com um sorriso permanente no rosto.

Mas, o tempo passa. Os filhos procuram o seu caminho, o seu mundo, que por vezes fica a muitos quilómetros de distância, e a idade destrói células e faculdades por vezes cedo demais, aos que ficam ao nosso lado.

Assim era a sua vida agora. Os filhos longe e o seu marido, o companheiro de tantas alegrias e arrelias, já não lhe fazia a companhia a que se habituara. Era alguém que ela não reconhecia, mas que tinha as feições dele, da pessoa que tanto lhe dera, que tanto a incentivara e ajudara a crescer como ser humano ao longo dos anos.

O relógio fazia o tic-tac próprio, sem grandes alaridos, só o suficiente para não esquecermos que o tempo corre sem contemplações.

Olhou à sua volta, amanhã tiraria as caixas dos enfeites da arrecadação e cuidadosamente os arrumaria, como sempre tinha feito, mas hoje, surpreendentemente, gostou do que viu. Sentiu-se confortável e a relaxar. Tentou agarrar esse momento, já eram tão poucos...

Pegou no livro que repousava na pequena mesa de apoio, abriu-o e começou a ler na página onde o tinha deixado há duas noites. Sentiu alguma dificuldade em se concentrar ao princípio, mas ao fim de alguns minutos em que sentia a mente a fugir para outros sítios, conseguiu embrenhar-se na sua leitura e aí pode usufruir de um serão noutro mundo, noutras paragens, noutras vidas, onde ela não estava.

 

Dezembro 26, 2022

imsilva

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Queria dizer algo sobre este Natal, mas não é fácil.

Talvez dizer que apesar de ser a época mais bonita, e de ter todas aquelas palavras que soam tão bem, amor, amizade, solidariedade, também tem as palavras saudade e tristeza.

Este ano foram essas as palavras que prevaleceram no meu Natal, no meu e no dos meus. O esforço foi grande, portamo-nos razoavelmente bem, mas estou muito satisfeita por já ter passado.

E agora, vamos a nova ronda! Vamos continuar a caminhar para mais um ano, mais um lote de surpresas, que esperamos que sejam boas.                      

 

 

Espírito de Natal

O meu conto de Natal

Dezembro 21, 2022

imsilva

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Alguém mexia o tacho do arroz doce, que toda a gente sabe que tem de ser muito bem mexido, enquanto outro alguém batia as claras em castelo para a mousse, que também toda a gente sabe que têm de ser muito bem batidas. Do forno saía um cheirinho de frango, como nunca saia o resto do ano, ainda não se tinha percebido o porque de só naquela altura do Natal o cheiro ser tão apetecível. As crianças corriam umas atrás das outras, porque toda a gente sabe que é isso que as crianças fazem, e os homens traziam as mesas extras das arrecadações, que toda a gente sabe que são sempre precisas nestas ocasiões. 

Para além da algazarra que se fazia sentir, a ocasião pedia algum som natalício para completar o ambiente, assim soavam músicas de Natal na aparelhagem da sala, e isso obrigava a todos se lembrarem da época em que estavam e qual o motivo para estarem todos a contribuir para tão belo e perfeito serão. Claro que toda a gente sabe que esses serões são tudo menos perfeitos, mas, faz-se o que se pode!

O espírito de Natal furava por aqui e por ali, e ia-se fazendo sentir com intervalos, mais ou menos duradouros. 

Ao fim de todos os preparativos estarem concluídos, das cozinheiras de serviço conseguirem tirar os aventais da frente, de toda a gente estar sentada na cadeira correspondente, ou não, a algazarra continuou agora com mais alegria perante tudo o que de bom a mesa continha.

De vez em quando, alguém pousava os olhos no aparador da casa de jantar, e olhava subrepticiamente para a fotografia dela, que por sua vez, olhava para eles e por eles, transmitindo-lhes o orgulho que sentia por estarem todos ali a viverem o espírito de Natal, como ela tanto gostava.

 

Gostaria que este texto, muito pouco ficcionado, servisse para o "desafio das 52 semanas de 2022" tema 51 da nossa Ana de Deus.

 

Dezembro 19, 2022

imsilva

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Então, quem é que ainda não escreveu um conto de Natal?

Quem ainda não o fez, pode ir à farmácia comprar inspiração em frasquinhos e por-se a escrever. Não custa nada, não dói, até pelo contrário, dá muita satisfação ver o trabalho final da nossa imaginação e criatividade. 

Este ano já temos, até ao momento, 20 contos. Já referi que o que me leva a este pedido, que já faço há 4 anos, é o gosto pelos contos de Natal. O resultado que já conhecemos, os nossos livros, é a cereja no topo do bolo, mas o bolo já estava muito bom só com os contos. Por isso, com livros ou sem livros, contínuo a pedir contos só porque sim, porque é Natal, só pelo gosto de ler histórias que reflectem o vosso pensamento, a vossa imaginação, as vossas vivências tantas vezes reflectidas no que se escreve.

Marquem na vossa agenda uma horinha para se sentarem e martelarem nas teclas do vosso computador, ou como eu faço muitas vezes, riscarem uma folha em branco com uma caneta em forma de letras, palavras, frases e histórias sobre uma época tão bonita como é o Natal.

Já ouço umas vozes dissonantes que, com alguma razão, dizem que não é tão bonita assim. Eu sei, mas está em nós não deixarmos morrer a sua essência, está em nós fazer a diferença e remarmos contra a maré, está em nós continuarmos a insistir e não deixarmos o negativo ganhar.

É Natal, vamos manter o espírito vivo, vamos viver a quadra natalícia como manda a lei, mesmo que não apeteça, mesmo que falte aquela pessoa, porque todos merecemos, até os que já não estão.

Então, esse conto, estão preparados? 

  

Dezembro 14, 2022

imsilva

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"Enfeite a árvore de sua vida
com guirlandas de gratidão!
Coloque no coração laços de cetim rosa, amarelo, azul, carmim.
Decore seu olhar com luzes brilhantes estendendo as cores em seu semblante.
Em sua lista de presentes em cada caixinha embrulhe um pedacinho de amor, carinho, ternura, reconciliação,
perdão!
Tem presente de montão no estoque do nosso coração e não custa um tostão!
A hora é agora!
Enfeite seu interior!
Seja diferente!
Seja reluzente!

Cora Coralina

O Natal é amor!

O meu conto de Natal

Dezembro 12, 2022

imsilva

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Abri a cortina e espreitei pela janela, havia um manto branco que cobria telhados, carros, árvores e os passeios onde o povo caminhava com extremo cuidado para não escorregar e passar por trabalhos que ninguém precisava.

A neve sempre foi uma das minhas coisas preferidas, apesar de fria, era linda e mostrava que nem tudo precisa de ser faustoso. As coisas simples podem ser maravilhosas.

Nesse dia tinha uma viagem preparada até ao orfanato, onde sempre que podia, passava algum tempo com as crianças que ali viviam, as crianças que por um motivo ou por outro, careciam de família, de colo, de aconchego, basicamente de amor familiar. Notava que todos os que trabalhavam ou , como eu, se voluntariavam para dar assistência a estes miúdos, faziam-no sempre com o coração a transbordar. Mas, nitidamente não era suficiente. Não era um, eram muitos, e era difícil que a atenção dada fosse bastante para se sentirem como num lar, onde poderiam ser acarinhados por pai, por mãe, por avós ou irmãos.

Era véspera de Natal e a promessa era diversão, brincadeiras e, muito importante, um teatrinho que estava a ser preparado há algum tempo e que teria o seu apogeu nesse dia.

Cheguei e imediatamente chamou-me a atenção não ver o Rui, que quando eu chegava vinha logo dar-me um grande abraço. O Rui era um menino de 7 anos, a que eu me tinha afeiçoado particularmente, e que tinha ido ali parar, por a mãe ter alguns problemas psíquicos, o pai ser desconhecido e o resto da família não ter ficado muito interessada nele.

Perguntei à D. Marília por ele, ao que me respondeu que o Rui nessa noite tinha tido febre e que tinha ficado no quarto até ver se melhorava. Subi ao piso dos quartos, e dirigi-me ao quarto que Rui partilhava com outros meninos, e lá estava ele encolhido dentro de lençóis e cobertores, com duas rosetas na cara e os olhos com mais brilho do que seria desejável. Fiz-lhe um pouco de companhia, li-lhe uma história e depois de ter novamente tomado o medicamento que ajudava a baixar a febre, deixei-o e fui ajudar os outros meninos nos afazeres que em ânsias esperavam à tanto tempo. Alguém tinha ficado com o Rui, que com o ar mais triste deste mundo, aceitou não poder fazer parte dos festejos.

Estava sozinha por opção, era assim que me sentia bem, e ainda não tinha aparecido alguém que me fizesse mudar de ideias. Não sabia se por isso, ou por realmente haver um grande entendimento entre mim e o pequeno Rui, estávamos muito ligados e a minha preocupação por ele era grande.

Cheguei a casa depois de ter acompanhado a alegria da criançada nas festas da véspera de Natal, e de me ter despedido do Rui, percebendo que havia melhoras. 

Antes de me deitar, algo me incomodava, não sabia identificar o quê, era uma ansiedade que não me deixava, como se tivesse de fazer uma coisa importante, como se estivesse a esquecer-me de algo...e percebi! Liguei para o orfanato e perguntei à D. Marília pelo estado do Rui, respondeu-me que a febre tinha baixado completamente e que parecia bastante mais animado. Num impulso, perguntei se haveria alguma hipótese de levar o pequeno a passar o dia de Natal a casa dos meus pais, onde me esperavam os meus irmãos e sobrinhos. D. Marília, com notório contentamento na voz, respondeu-me que claro que sim, que não poderia imaginar melhor prenda de Natal para o Rui.

Quando o fui buscar, os nossos olhares reflectiam emoções e esperança, Foi uma viagem feita a dois, com sorrisos de orelha a orelha, com confiança em algo maior, que apesar de não conseguirmos identificar, sabíamos que era algo bom, algo que marcaria a nossa vida e com certeza o nosso futuro.

Dezembro 07, 2022

imsilva

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NATAL

Solstício de inverno.
Aqui estou novamente a festejá-lo
À fogueira dos meus antepassados
Das cavernas.
Neva-me na lembrança,
E sonho a primavera
Florida nos sentidos.
Consciente da fera
Que nesses tempos idos
Também era,
Imagino um segundo nascimento
Sobrenatural
Da minha humanidade.
Na humildade
Dum presépio ideal,
Emblematizo essa virtualidade.
E chamo-lhe Natal.

Diário XIV

Janeiro 19, 2022

imsilva

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Quando comecei a pedir contos de Natal, foi mesmo pelo prazer que tenho em os ler. Não imaginei o que acabaria por acontecer, e que logicamente me deixou muito feliz.
Cada vez que encontro mais um, vou logo lê-lo, cheia de curiosidade e continuo a adorar cada um deles. É muito interessante ver a imaginação de tantos neste tema.

E pronto,aqui estão os contos deste ano, maravilhosos e quentinhos, como o coração gosta. Creio que já temos todos os que quiseram escrever este ano. Se alguém está a atrasado na demanda e ainda tem algum na manga que queira expor, faça favor, teremos todo o gosto em inclui-lo. Com o número de contos que temos este ano, gostaríamos de editar um outro volume de "Contos de Natal". Posto isto, e como aconteceu anteriormente, agora vamos às burocracias, se não se importam, respondam a este questionário de preferência para o e-mail, contosdenatal@sapo.pt, a gerência agradece.

1º Pergunta  -  Autorizas a publicação do(s) teu(s) conto(s)?

2º Pergunta  -  Qual o autor que queres que seja colocado no livro, referente ao(s) teu(s) texto(s)?

3º Pergunta  -  Qual o blogue ou blogues que queres ver referenciados?

4º Pergunta  -  Quantos exemplares desejas reservar do livro?

5º Pergunta  -  Autorizas que se altere(m) o(s) teu(s) texto(s) para a grafia antiga se for caso disso?

E agora sim, deixo-vos com as maravilhosas criações deste cantinho à beira net plantado, o que me enche de orgulho.

Carta a um qualquer pai Natal - José da Xã

A herança - José da Xã

O espírito de Natal - José da Xã

Um qualquer dia  na aldeia  -  Zé Onofre

Conto de Natal - Ana de Deus

Mataram o pai Natal I - José da Xã

Mataram o pai Natal II - José da Xã

Natal de um bombeiro - Ana Mestre

Houve um tempo em que não havia Natal - Folhas de luar

O espírito de Natal - Folhas de luar

Benjamim - Ana D

Natal é amor - Ana D.

Conto de Natal 2021 - Maria Araújo

O Natal é da família - Nala

Um conto com magia - Isabel Silva

Ainda há espírito natalício - Isabel Silva

O Natal das nossas memórias - Isabel Silva

Natal em tempo de pandemia - Charneca em flor

Nunca mais será Natal - Zé Onofre

A fogueira - bii yue

Conto de Natal - Maribel Maia

A receita mais original de um doce de Natal - Olga C. Pinto

As bolachinhas - Olga C. Pinto

Os três caminhantes - Olga C. Pinto

Já nasceu - Alice Alfazema

Aqueles Natais foram diferentes - Vagueando

O melhor presente - MJP

Um louco e o Natal - Zé Onofre

O dia começou branco - Maria Neves

O papel de lustro sem pinheiro - Maria Neves

O guarda- rios azul - Maria Neves

Um trenó com histórias - historiasabeirario

O Natal do António - José da Xã

Resposta ao pai Natal - José da Xã

Laura - José da Xã

O reencontro - Alice Barcellos

E foi Natal - Cristina Aveiro

Avó, o pai Natal já se foi embora? - Cristina Aveiro

Ta-tin-ta - João Silva

Choro - Isa Nascimento

O presente escondido - Isa Nascimento

O primeiro Natal - Isa Nascimento

Nasceu no dia de Reis - Isa Nascimento

Conto de Natal - Marta Velha

filhoses e sonhos de abóbora - Di

Escrevi ao pai Natal - Mónica Silva

 

 

 

 

 

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