Ericeira, 17 de Setembro, 18,58 horas

Esta é a história do dia em que o sol decidiu experimentar a água que há tanto tempo desejava.

Olhava, e tornava a olhar. Todos os dias olhava com muita atenção aquele lençol prateado que se estendia a seus pés. Tinha dias em que se mexia em demasia, outros em que parecia um espelho onde via o seu próprio reflexo. O seu desejo de lá ir e saber como seria a sua textura, era cada vez mais forte. E um dia decidiu que esse era o dia. Muito compenetrado, foi descendo no horizonte devagarinho e pé ante pé entrou naquele liquido frio. A sua primeira reacção foi de limpeza, de êxtase. Sentiu um arrepio de prazer e esticou-se até onde conseguiu. Sentiu-se como renascido e a decisão de o fazer todos os dias, aconteceu naturalmente.

Felizmente a natureza não usa máscara, e continua a fazer obras de arte extraordinárias. 

Sou uma privilegiada, por poder assistir na 1° fila.