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pessoas e coisas da vida

pessoas e coisas da vida

Dezembro 20, 2023

imsilva

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Fotografia da árvore da minha filha

O blog Aqui há coração, perguntava pelas nossas melhores recordações natalícias. Vieram várias à memória.

Éramos seis primos com idades parecidas, pré-adolescentes uns, e adolescentes outros. Era uma época em que não havia tecnologias irritantes, mas havia amizade, inocência, e uma grande alegria por passarmos a consoada juntos. A algazarra era constante, e a mais velha, a minha irmã, era a pior. Desde puxar a toalha de mesa que um estava a por, a tirar os bibelôs dos móveis e po-los no meio do chão, a por os dedos dentro do pudim e da mousse para os enjoados já não quererem comer. As matriarcas ralhavam e riam ao mesmo tempo.

Hoje somos mais no total, muito menos crianças, e as cabeças não têm a mesma simplicidade. Tudo na vida chama para o imediato, e por vezes sinto isso mais nos crescidos do que propriamente  nos mais pequenos. 

Finalmente, quando já falta alguém à mesa...não é a mesma coisa.

Quero voltar aos Natais da minha mãe.

Junho 22, 2022

imsilva

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Quando a nossa vida leva abanões e dá cambalhotas, algo muda, se modifica e altera sem que demos conta. Aparentemente somos os mesmos, a vida segue o seu curso, não mudamos de família nem de trabalho, mas o espírito muda, e só damos por isso quando notamos que alguns hábitos foram alterados e começamos a sentir falta deles.

Aquele pedacinho da manhã que passava a ler os blogues dos meus vizinhos e que inventava algo para publicar, desapareceu sem avisar para onde ia. Perguntei ao meu espírito se sabia de alguma coisa e ele respondeu-me, "deixa-me em paz"!

Pois é, o espírito tem vontade própria e consegue ser muito mal educado.

A verdade é que acontecimentos, causas e consequências são inevitáveis no nosso percurso de vida, resta-nos aceitá-los, guardá-los com mais ou menos carinho (dependendo dos danos) na caixinha das memórias, alguns num cantinho especial do coração, e outros ainda nunca sairão dos nossos pensamentos façamos nós o que fizermos.  

Mas a vida espreita e diz-nos "lembras-te do que te faz feliz, do que gostas de fazer?" e aí damos um raspanete ao espírito mal-criado, pomo-lo de castigo e seguimos com as nossas coisas felizes que tão bem coabitam com as lembranças, também felizes, que entretanto passaram a povoar a nossa alma.

A casa

Saudade

Outubro 02, 2020

imsilva

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Lembra-se da casa, de quando era pequena. Uma casa de tijolo, de janelas com portadas azuis e na porta um batente em forma de punho.

Que saudades...

Lá dentro as paredes estavam pintadas de um verde "seco" e as janelas, que ela se lembrava de ver o avô de vez em quando de roda delas a raspar e a pintar, eram brancas. As cortinas eram às flores, côr de rosa e vermelhas com muitas folhas de várias verdes, entre eles o tal verde "seco". E como alegravam a casa. Nessas mesmas janelas, lembrava-se de encima de um banco, espreitar para as casas do outro lado da rua, e de ver a senhora do cão a tratar do jardim e das magnificas rosas que lá tinha.

Por baixo das escadas que davam para o 1º andar, havia um espaço maravilhoso onde gostava de passar o tempo. Levava um cobertor, punha-o no chão, e era lá que lia um livro,  que pintava desenhos ou que vestia e despia as bonecas com as roupas que a avó lhes fazia.

No Inverno acendiam a lareira e sentava-se ao colo do avô para ouvir as suas histórias. A avó tinha sempre bolinhos e bolachas que fazia no grande forno da cozinha, e que deixava a casa a cheirar maravilhosamente bem. 

Que saudades...

Hoje a casa já não cheira a bolos, os avós já não estão lá há uns anos, e ela já não é pequena.

Hoje ela está à cabeceira da avó, que depois de muitos anos de luta e de dar amor e atenção a toda a gente, vive os seus últimos momentos.

E ela com saudades de tudo o que viveu naquela casa, e com quem o viveu, pensa em lá voltar, pensa que tem de vê-la porque...quem sabe?

 

Texto escrito no âmbito deste Desafio

 

 

 

Abril 27, 2020

imsilva

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Muito andamos na vida, e muito esperamos ainda andar. Mas em que termos e condições?

" Não são tempos normais" frase corriqueira de todos os dias, mas a cada dia que passa, fica mais e mais notório o significado, e mais doloroso também.

Medo da doença? Mais medo do depois, dos reflexos que ficarão nas nossas vidas, medo do desconhecido que "este algo" nos quer impingir, medo do durante, do espaço-tempo até podermos dizer "já passou".

Não era assim que a nossa vida estava planeada, não foi nada disto que nos ensinaram em pequenos, nem na escola nem em casa. Não há referências para sabermos que armas devemos usar.

Tenho a alma vestida de escuro. As manhãs são as mais complicadas, quando depois de acordar, levo com uma bofetada na cara quando me lembro. Não ando triste, mas tudo me enche os olhos de água.

Estou muito bem em casa, tanto que até receio a volta ao trabalho e a tudo o que isso implica, apesar de saber que se não voltamos depressa a coisa pode ficar realmente feia.

Saudades? Muitas! Dos pais, dos filhos, dos netos, (ai, ui, dói), e de uma dúzia de pessoas mais, não mais do que isso. Talvez o resultado de lidar com muita gente durante toda a minha vida, boa gente e apesar de ser no plano profissional, alguns passaram ao nível da amizade, mas também fez com que agora saiba apreciar o sossego.

Uma última coisa, a morte, a estúpida morte. A minha mais do que sincera compaixão por todos os que estão a passar pela despedida dos seus entes queridos. Morreram alguns familiares meus nestes últimos tempos, nenhum com Covid19. Tanto a família do meu marido como a minha, somos pessoas de nos reunirmos nos velórios e funerais. Somos unidos e estamos lá nessas alturas, e agora nada. O último foi há dois dias, e pelas palavras do meu marido que passou no cemitério nessa altura, foi terrorífico. Os senhores da funerária estavam vestidos com fatos de ficção cintífica com direito a máscaras daquelas com tubo para receber ar. Como é que se poderão sentir os familiares (sózinhos) que se despedem assim do seu marido e do seu pai, com pessoas que parecem saídas de um filme. Não tenho mais que comentar.

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