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pessoas e coisas da vida

pessoas e coisas da vida

Um sonho (parvo)

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Janeiro 24, 2025

imsilva

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Paz, descanso, tranquilidade, tempo, conforto.

Algumas das palavras que deveriam constar na lista da palavra do ano.

Não serão palavras para todos, alguns gostam do bulício, do movimento, da resolução de problemas, do ter que fazer. Lamento, não pertenço a esse grupo. 

A idade traz regalias (supostamente) e a utilização destas palavras a torto e direito, deveria ser uma delas. E não só a utilização, como o proveito todo, completo, sem penas ou agravos.

Vou propor a lei do direito a três dias por semana sem qualquer obrigação ou tarefa, seja ela, ir para o local de trabalho, fazer comer, lavar loiça, por roupa a lavar ou varrer o quintal. Direito a ter um cantinho onde só entrem almofadões e cadeirões confortáveis, uma sombrinha no Verão e uma lareira no Inverno. Mais importante que tudo, entrada livre a todos os livros desejados.

Ok. Agora já chega! Vou trabalhar! 

Setembro 13, 2024

imsilva

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Praia fluvial do Poço Corga - Castanheira de pera

Vamos de mini férias, vemos sítios fantásticos neste nosso Portugal, relaxamos, divertimo-nos em família, cansamo-nos, e voltamos.

Dizem que quando vamos de férias recarregamos baterias. Eu digo que preciso de muita bateria para me preparar parar as férias, para viver as férias, e quando volto estou descarregada.

Voltar a trabalhar é um suplício. Dou desculpas, é a roupa para lavar, é por a casa na ordem depois de despejar as malas, é descansar porque vim cansada. E voltando ao trabalho descobrimos que o stress não foi de férias. Está lá tudo à nossa espera, os erros repetidos que nos tiram do sério, a máquina que avariou, ou o funcionário que vem doente. 

Tenho esperança de um dia ir de férias descansar e quando voltar ter o descanso à minha espera. Eu sei, sou pobre e mal agradecida. 

 

Maio 01, 2024

imsilva

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Em 1984 embarquei no comboio da vida de casada. Na época a minha mãe era a senhora da casa e do trabalho. Fomos para Espanha em 1965 e o meu pai não quis que a minha mãe trabalhasse. Depois do regresso em 1973, o meu pai não conseguia fazer face às despesas e a minha mãe agarrou vários trabalhos, desde ir de madrugada depenar frangos, até fazer algumas limpezas da parte da tarde, e sempre sem descurar a casa. Era assim, ninguém estranhava. 

Claro, que apesar de ter crescido neste ambiente, nunca achei que era assim que devia de ser. Percebi que assim resultava para eles, mas não teria de resultar para mim. Mas o certo é que no comboio já em andamento as coisas vão tomando o seu caminho conforme as necessidades, e não me custa aceitar que devido a horários e a mais ou menos jeito para as coisas, se vá fazendo um determinado caminho e que vai resultando. 

Mas, a idade traz tudo, até a impaciência e a sensação de injustiça. Quando ninguém olha para o lado para ver mais do que o seu umbigo, a paisagem do comboio começa a cansar, porque eu contínuo a olhar para tudo e a ser a responsável por milhentas coisas que fazem parte da vida de todos. De referir que neste momento estamos 4 pessoas no comboio e duas gatas. 

Hoje, quero saber mais de mim e menos dos outros. Contínuo a trabalhar, apesar de fazer gazeta mais vezes, mas em casa continuam a achar que estou no comando e que tudo corre bem porque eu existo.

Bem sei que se eu não estiver (como há 3 anos atrás) tudo funciona e anda, dessa vez  foi poucochinho tempo, mas toda a gente sabe que tudo se resolve quando assim é preciso. Só que antes de ser necessário todos têm medo.

Tudo isto para dizer que o comboio não descarrila porque é tudo boa gente, se assim não fosse já estava fora da linha há algum tempo. Mas tenho que começar aos gritos e a espumar da boca para ver se se assustam e percebem que estamos todos dentro do comboio e aonde pode nos levar, a mim e a eles. 

Férias?

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Novembro 24, 2023

imsilva

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Férias

Descanso, tempo livre, descontracção, largar a chaminé de vista...

Era bom, era! Mas, não é! 

Desde quando é que a vida se tornou tão torcida? Já tenho idade para certas regalias, como por exemplo, não ter preocupações com outrem, e fazer o que me apetecer e quiser. Mas, parece que travões aparecem por todo o lado e não permitem que a idade prevaleça a obrigações. Obrigações essas que são de livre vontade, ou pelo menos com o discernimento de não querer falhar aos meus, aos que neste momento precisam de mim. Por outro lado, o trabalho que deveria ficar completamente de lado, exige constantemente atenção para não falhar no regresso.

Agora que já me chorei e fiz com que pusessem as mãos na cabeça com pena de mim, vou continuar a minha vidinha. Não, não vou apanhar um avião, nem vou por as malas no carro para um passeio por este nosso lindo Portugal, vou estender a roupa e levar o meu pai a uma consulta à tarde. Alguém se oferece?

Dicionário - Férias; Interrupção relativamente longa de trabalho, destinada ao descanso dos trabalhadores. (Bahhhh...)

 

 

Agosto 16, 2023

imsilva

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Um dia perco a vergonha, e escrevo um livro de crónicas com as actitudes, arrogâncias e palavras dos (supostos) clientes que querem comer num restaurante, mas não têm modos nem educação para tal. 

Também posso escrever sobre as anedotas e parvoíces dos funcionários  novatos, quando entram ao serviço. Há coisas que lembraremos com um sorriso toda a vida.

Um outro livro daria os muitos amigos que se fazem, clientes que tratamos como família e com quem sofremos quando sabemos de algum percalço. São os que lembramos com carinho e saudade ao longo dos anos. Aí também incluiria os novos, os que nos conhecem por 1° vez, e fazem questão de agradecer e dizer que voltarão.

Há de tudo na vida da restauração, como na farmácia! 

 

 

Novembro 24, 2021

imsilva

 

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Ao ler um post do nosso vizinho pacotinhos de noção  fiquei com vontade de desabafar a minha frustração sobre o assunto.

Ainda há pouco falava com o meu marido sobre como vamos fazer este inverno. Temos um negócio, e no verão quando o trabalho nos escraviza, prometemos que no Inverno vai ser diferente, que vamos fechar à noite ou vamos ter mais dias de folga. Queremos ter vida, queremos ter tempo para nós, para fazer algo que nos dê prazer e paz, que nos faça sorrir e relaxar.

Todos os anos a conversa é a mesma e acabamos por não mudar nada, acabamos por ter um inverno com pouco tempo livre, e quando damos por isso estamos na primavera e começa a euforia do verão novamente sem termos modificado o "modus operandi".

Não há condições para o cidadão comum se reformar quando ainda tem energia e saúde para viver, para não ter obrigações e horários que ocupam a maior parte do dia. E quando fazemos contas para tentar perceber quanto poderemos vir a receber nessa altura, pomos as mãos na cabeça e percebemos que teremos ainda uns bons anos de trabalho pela frente.

Não temos condições de reforma decente e como diz o nosso vizinho, será que quando conseguirmos chegar lá, ainda estaremos cá?

E quando vemos as condições que as reformas prematuras de políticos e cargos de chefia em administrações, (algumas fraudulentas) têm, apetece enrolarmo-nos num canto e começar a chorar.

Agosto 27, 2021

imsilva

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Quando o pensamento se esvai, e o cansaço impera

Quando a mente se nega a funcionar

A esperança faz a sua  aparição e nos canta uma canção de embalar.

Os dias estão magníficos!

Limpos e luminosos.  

É o Agosto a despedir-se, o verão a acabar.

Desde sempre que o Verão para mim foi sinónimo de trabalho. Desde os meus 13 anos que a época balnear foi de trabalho. Estudava de inverno, e trabalhava no Verão. 

Já casada e com 3 filhos, o meu marido trabalhava na restauração e eu numa loja, com dias diferentes de folga, quando chegava o mês de Maio era uma neura que me entrava e que eu não entendia. Depois percebi que era a época em que o meu marido passava a estar mais tempo fora de casa, em que os nossos horários se desencontravam completamente e isso mexia com o meu sistema nervoso.

Os meus últimos 2 anos de trabalho na loja, foram anos de crises de ansiedade e ataques de pânico. Foram 2 anos de ansiolíticos que foram resolvidos quando mudei de trabalho e passei a trabalhar com o meu marido.

Com os miúdos já crescidos e com a ajuda da minha mãe, essa mudança foi possível. Se assim não fosse, creio que o casamento não teria sobrevivido, cheguei a dizer ao meu marido " em Maio sais de casa e voltas em Outubro" Coitado, sofreu comigo, não fui fácil de aturar nessa altura.

Hoje pensei em sentar-me a escrever alguma coisa (tinha saudades) e saiu isto. Um desabafo da vida, uma vida como tantas outras com altos e baixos e contratempos que se vão resolvendo melhor ou pior, conforme as hipóteses que nos aparecem à frente.

Talvez, resumindo, não se pode desistir. Temos de ir à procura das soluções e mesmo parecendo que não estão lá, acreditar que é possível, que as vamos encontrar e seguir o caminho.

O Verão está a acabar, e eu vou voltar a uma vida mais normal, com tempo para escrever, ler, ver os meus netos mais vezes, passear e gozar de tempos livres.

Sejam felizes, assim ou assado, encontrem o caminho para lá, porque o sol nasce todos os dias!

Julho 02, 2021

imsilva

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Quando escrevi  Parar? Como?  foi quando morreu a Maria João Abreu.  Na altura todos diziam que o cansaço que ela tinha , era um sinal de que devia parar, que estava a entrar na exaustão.

Entretanto, a Marta escreveu este maravilhoso post A subida e completou-o quando eu escrevi Quando a vida muda...

Ora, toda a gente sabe que as palavras são como as cerejas, como as opiniões, como os comentários, atrás de uns, vêm outros.

Daí o meu comentário ao texto da Marta se ter transformado em post.

Todos nós trilhamos caminhos, subimos algumas montanhas, com mais ou menos custo, e na maioria das situações com a obrigação as costas. Quantos de nós diremos um dia ; "Tenho que parar, estou esgotado, esta semana não contem comigo a tempo inteiro.?"

Quantos de nós poderemos dizer isso um dia?

Eu fui obrigada a parar, e sinceramente correu bem. Passaram sem mim, alguém se esforçou mais para isso acontecer, mas o certo é que foi possível.

Mas, se eu não tivesse ido parar ao hospital, teria tido a coragem de dizer ; não contém comigo esta semana? Não, não o teria feito, simplesmente porque não sabemos quando estamos a pisar o risco. Porque cansaço e nervos é o pão de cada dia no trabalho que nos dá o ganha pão para vivermos com um mínimo de dignidade.

Se foi o cansaço que me levou a parar? Quem sabe? Provavelmente não...Foi um vírus, dizem eles. Para além de  as teorias da conspiração dizerem que poderá ter sido uma sequela da vacina, tomada 4 dias antes.

De qualquer das maneiras, deveríamos cuidar-nos, deveríamos olhar mais para nós próprios, deveríamos saber que não somos invencíveis, e que mesmo sabendo lutar deveríamos saber parar, inspirar, expirar, e sentirmos o sangue que nos percorre as veias, como um bem precioso que deve de ser cuidado.

Ah! É tão bom escrever baboseiras...O último paragrafo deve de ser de uma novela alienígena, só pode!

Cuidem-se! Mais asssim ou mais assado, mas que seja da melhor maneira possível.  

 

 

Janeiro 08, 2021

imsilva

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A lareira estava apagada, triste, cinzenta, e o frio entrava pelas frinchas da porta e da janela.

Mas não se podia gastar a pouca lenha que havia e que tão necessária era à hora da janta, em que se cozia umas batatas e umas couves sobreviventes das geadas que ocorriam naquela altura do ano.

A casa era pequenina, só com duas habitações, a cozinha onde estava a mesa em que tudo acontecia, e o quarto com duas camas  onde todos se conseguiam aninhar, os pais e os três filhos.

O Natal tinha passado sem que dele dessem conta. Não havia festividades que entrassem naquele frio lar, onde tudo era escasso.

Nem sempre tinha sido assim, o pai sempre tinha trabalhado, ou nisto ou naquilo, os vizinhos chamavam-no para vários serviços a que ele acudia prazeroso. A mãe ajudava as senhoras das casas grandes nos seus afazeres domésticos, e nos tratamentos da roupa.

Mas agora, não havia quase vizinhos, restavam o Sr. Aurélio e a D.Gertrudes que se recusavam  a ir para casa dos filhos, e deixarem as suas raízes e a casa onde tinham criado os seus cinco filhos, mas que não deixaram de lhes dizer que eles sendo muito mais novos deveriam deixar a aldeia e ir em busca de outra vida, que a idade era outra coisa e enquanto os dois fossem vivos não tinham ensejo de sair para lado algum, que quando um faltasse, talvez...

Também as casas grandes já jaziam fechadas, embrulhadas em hera e outras ervas trepadeiras que quase tapavam as fachadas.

Os últimos tempos tinham sido conturbados. Ouviram falar de revoluções, de cravos e de mudanças de governantes, de reformas agrárias e de cooperativas, mas disso eles pouco ou nada percebiam. Só sabiam que as pessoas tinham deixado as suas vidas lá na terra, e tinham corrido atrás de promessas de melhores vidas nas cidades. Alguns havia que pareciam fugir de alguma coisa. Segundo diziam, lá na cidade era tudo mais fácil, que tudo estava à distância de dois passos.

Mas eles não quiseram sair do seu canto, da terra que amavam. Temiam as multidões, as modernices de que ouviam falar mas que não entendiam.

E os filhos cresciam, e os pais começavam a perceber que o seu futuro talvez não estivesse ali, que estava na altura de irem para uma escola aprender algo mais do que os pais tinham aprendido. Que talvez se pudessem preparar para algo mais , sem ser a luta diária que a terra dava para se viver. Mas depressa esqueciam tais dilemas quando voltavam à labuta diária, por pouco que esta rendesse.

Ao fim do dia, depois da parca refeição, olhavam um para o outro. Não estando habituados a conversar sobre a vida, ou não sabendo como fazê-lo, tentavam adivinhar o que o outro sentia, e assim iam vivendo.  

Quando o filho mais pequeno apareceu uma manhã com febres altas e completamente prostrado, foi quando decidiram que ali não faziam nada, que ali ficariam todos enterrados se não tomassem as decisões certas, isto se não fosse já demasiado tarde.

E acabou por chegar o dia em que fecharam a porta de casa, e com a claridade do dia a surgir por detrás do monte, fizeram-se ao caminho com os seus poucos haveres, o coração encolhido e a alma aberta para o que a vida lhes quisesse ofertar na linha do horizonte que viam à sua frente.

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