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Friamente...
Pensei em pensar...Friamente! Não é fácil, mas vou tentar fazê-lo, principalmente para a minha sanidade e serenidade mental, que neste momento de serena não tem nada.
Em Portugal, em 2019, o vírus da gripe que conhecemos por "influenza", matou mais de 3000 pessoas.
O que me assusta mais nesta situação recambolesca e apocalíptica em que estamos, não são as mortes, porque essas como referi, são (infelizmente) acontecimentos que já acontecem todos os anos. E estou convencida que não vamos ter os números que andam lá por fora, creio que actuamos a tempo ( vamos ver). O que realmente me assusta é a necessidade de ajuda hospitalar, e ter dificuldade em encontrá-la. Isso é que é do caraças.
Estou sempre a desejar ( quem não?), que não me apareça algum dos meus com algum sintoma, só para não ter que me debater com " telefonamos para a saúde 24?" " vamos para o hospital?" " os sintomas são graves, ou aguentamos em casa com paracetamol?". Não quero imaginar- nos no meio do caos que se viverá nos hospitais.
Friamente... Pensem noutras mortes que não vão acontecer. Os acidentes rodoviários vão diminuir substancialmente, ( poucos carros vão andar nas estradas) ou seja menos mortes. Nesta época pré-balnear também não vai haver maluquinhos na praia a serem levados pelas ondas sem nadadores- salvadores para acudir, ou seja menos mortes.
Friamente... Ao fim de 2 semanas, quem não estará a pensar mal da sua vida, por não estar a aguentar as 4 paredes lá de casa, ou a/as pessoa/as com quem está confinado lá dentro? Aí é que vai haver riscos, porque vai ser uma autêntica prova de resistência, um verdadeiro teste à paciência de cada um.
Não tão friamente... Esta semana, quando vi o programa Prós e Contras, se já tremia, a tremer fiquei ainda mais. Querendo algo que me tirasse a sensação com que tinha ficado, fui ver uma reportagem da Cinemateca Portuguesa (foi pior a emenda do que o soneto), as eleições de 1976, a temperatura de Portugal a seguir ao 25 de Abril, os comícios cheios de gente, quase uns em cima dos outros tal a euforia que se vivia na altura, e foi aí que fiquei em choque. Percebi que aquelas imagens hoje são inimagináveis, e que tão depressa não vão acontecer nem parecidas. Os teatros, os cinemas, os espectáculos, jogos de futebol cheios de gente, uma jantarada de amigos, uma reunião de família a rir e a conviver...não nos próximos tempos, e já tenho tantas saudades. Eu sabia que isto de friamente era treta!
Valha-nos a limpeza a nível ambiental, que está a acontecer no nosso planeta. Mas, se o pagamento por tal trabalho é este, não sei não...
Enfim, acho que tenho que me ir habituando às lágrimas que todas as manhãs me visitam, quando me lembro da situação que estamos a viver. Enquanto não puder beijar e abraçar os meus filhos e netos, duvido que as minhas manhãs vão ser diferentes. Não era para dizer isto mas, já disse. Cuidem-se, por favor. Beijinhos e abraços!!!!!
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